O QUE É ARTE NAÏF?
O desejo espontâneo de desenhar e pintar existe desde os primórdios da civilização humana, sendo o seu mais reconhecido exemplo as “pinturas rupestres”.
O termo Arte Naïf foi utilizado pela primeira vez no virar do século XIX para identificar a obra de Henri Rousseau, pintor autodidata admirado pela vanguarda artística dessa época, que incluía gênios admiradores como Picasso, Matisse, Paul Gauguin, entre outros.
Com esta gênese, a Arte Naïf começou a afirmar-se como uma corrente que aborda os contextos artísticos de modo espontâneo e com plena liberdade estética e de expressão e os seus seguidores definem-na hoje como “a arte livre de convenções”.
A Arte Naïf é concebida e produzida por artistas sem preparação acadêmica específica e sem a “obrigação” de terem de utilizar técnicas elaboradas e abordagens temáticas e cromáticas convencionais nos trabalhos que executam. Isto não significa que não estudem e aperfeiçoem de modo autodidático e experimental o desenvolvimento das suas obras, e não implica que a exigência de qualidade das mesmas seja inferior.
A capacidade artística é um dom inato no ser humano e não existem técnicas, regras ou dogmas que, quando ele, o dom, realmente está presente, lhe possam atrofiar qualidade e retirar seu valor.
A capacidade artística é um dom inato no ser humano e não existem técnicas, regras ou dogmas que, quando ele, o dom, realmente está presente, lhe possam atrofiar qualidade e retirar seu valor.
De Tarsila do Amaral a Cândido Portinari, o Brasil possui
grandes destaques no cenário da pintura nacional, seguindo técnicas do
expressionismo, cubismo, modernismo, entre outras. Hoje, o Brasil tem sido destaque também no traço naïf, junto
à França, Itália, Haiti e na região da antiga Iugoslávia.
O termo naïf vem do latim e quer dizer "nativus", aquilo que é
natural. Este movimento artístico é sinônimo de arte ingênua, original,
popular, instintiva. A tradução da palavra naïf em francês é ingênuo. No
Brasil, este movimento cresceu a partir de 1937, com os pintores Heitor dos
Prazeres, Cardosinho e Chico da Silva. Na França, Henri Rousseau é considerado
o primeiro dos naïfs modernos.
Destaque atual no Brasil, o artista plástico Gerardo da
Silva surpreendeu os franceses com sua arte naïf no ano de 2007, ao expôr suas
obras em homenagem aos 100 anos do avô, seu grande incentivador, o premiado
pintor Chico da Silva, mais significativo representante deste estilo no Brasil
A Arte Naïf não se enquadra também na designação de Arte
Popular, diferindo dela na medida em que se trata de um trabalho de criação
individual que apresenta peças artísticas únicas e originais.
Caracteriza-se em termos gerais por uma aparente
simplicidade e pela liberdade que o autor tem para relacionar ou desagregar, a
seu bel prazer, determinados elementos considerados formais; a inexistência de
perspectiva, a desregulação da composição, a irrealidade dos fatos ou a
aplicação de paletas de cores chocantes.
A Arte Naïf exprime ainda, de um modo geral, alegria, felicidade, espontaneidade e imaginários complexos, resultando, às vezes, todo este conjunto numa beleza aparentemente desequilibrada mas sempre muito sugestiva.
Alguns críticos afirmam que, contrastando com os “ acadêmicos”, que pintam com o cérebro, os “ingênuos” pintam só com a alma. Esta parece ser a verdadeira essência do Naïf, claramente o estilo de quem já nasce com o dom de ser artista…
O termo arte naïf aparece no vocabulário artístico, em
geral, como sinônimo de arte ingênua, original e/ou instintiva, produzida por
autodidatas que não têm formação culta no campo das artes. Nesse sentido, a
expressão se confunde freqüentemente com arte popular, arte primitiva e art
brüt, por tentar descrever modos expressivos autênticos, originários da
subjetividade e da imaginação criadora de pessoas estranhas à tradição e ao
sistema artístico.
A pintura naïf se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação (uso científico da perspectiva, formas convencionais de composição e de utilização das cores) e pela visão ingênua do mundo. As cores brilhantes e alegres - fora dos padrões usuais -, a simplificação dos elementos decorativos, o gosto pela descrição minuciosa, a visão idealizada da natureza e a presença de elementos do universo onírico são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade artística.
A história da pintura naïf liga-se ao Salon des Independents
[Salão dos Independentes], de 1886, em Paris, com exibição de trabalhos de
Henri Rousseau (1844 - 1910), conhecido como "Le Douanier", que se
torna o mais célebre dos pintores naïfs. Com trajetória que passa por um
período no Exército e um posto na Alfândega de Paris (1871-1893), de onde vem o
apelido "Le Douanier" (funcionário da alfândega), Rousseau dedica-se
à pintura como hobby. Pintor, à primeira vista, "ingênuo" e
"inculto", pela falta de formação especializada, dos temas pueris e
inocentes, é responsável por obras que mostram minuciosamente, de modo inédito,
uma realidade ao mesmo tempo natural e fantasiosa, como em "A Encantadora de
Serpentes", 1907. Seu trabalho obtém reconhecimento imediato dos artistas de
vanguarda do período - como Odilon Redon (1840 - 1916), Paul Gauguin (1848 -
1903), Robert Delaunay (1885 - 1941), Guillaume Apollinaire (1880 - 1918),
Pablo Picasso (1881 - 1973), entre outros -, que vêem nele a expressão de um
mundo exótico, símbolo do retorno às origens e das manifestações da vida
psíquica livre e pura.
A arte naïf brasileira reflete o país tropical, generoso em
sua vegetação e diversidade cultural entre as regiões e o povo que o compõe,
fazendo com que ela tenha um lugar de destaque no cenário mundial.
Isto torna as obras muito procuradas, especialmente por
estrangeiros, incentivando o aparecimento de imitações. Embora pareça fácil
imitar um quadro naïf, principalmente para quem domina técnicas pictóricas, os
imitadores acabam se traindo, pela falta da característica da ingenuidade e da naturalidade desta
arte.
O artista naïf é livre para expor sua criatividade da forma
como lhe convenha. Acredita-se que esta técnica foi usada pelos homens das
cavernas, que expressavam livremente o que observavam no seu cotidiano, através
das pinturas na parede.
O pintor coloca na tela o que sente, sem se preocupar se os
traços estão perfeitos, pois não observa padrões eruditos, o que faz com que a
obra seja autêntica, natural e fale por si só. Ao olhar para uma tela naïf,
tem-se a sensação de entrar em contato com a criança interior que existe em
cada um de nós.
Se em sua origem essa modalidade é definida como aquela
realizada por amadores ou autodidatas, o processo de reconhecimento e
legitimação obtidos nos circuitos artísticos leva a que muitos pintores, com
formação erudita, façam uso de procedimentos caros aos naïfs. Além disso, a
arte naïf desenha um circuito próprio e conta com museus e galerias
especializados em todo o mundo.
No Brasil, especificamente, uma série de artistas aparece diretamente ligada à pintura naïf, como Cardosinho (1861 - 1947), Luís Soares (1875 - 1948), Heitor dos Prazeres (1898 - 1966), José Antônio da Silva (1909 - 1996) e muitos outros. Entre eles, ganham maior notoriedade: Chico da Silva (1910 - 1985) - menção honrosa na 33ª Bienal de Veneza - e Djanira (1914 - 1979). Aluna do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, Djanira completa sua formação com aulas de Emeric Marcier (1916 - 1990) e Milton Dacosta (1915 - 1988), seus hóspedes na Pensão Mauá, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Nos anos 1950, ela é artista consagrada e uma das lideranças do Salão Preto e Branco. A arte popular do Nordeste brasileiro - as xilogravuras que acompanham a literatura de cordel e as esculturas de Mestre Vitalino (1909 - 1963) - figura em algumas fontes como exemplos da arte naïf nacional.
O trabalho também se caracteriza pelo autodidatismo e pelo
uso de técnicas rudimentares adquiridas de forma empírica, com liberdade de
criação e clara ausência de aspectos formais de composição, perspectiva e
reprodução real de cores. Para os especialistas no assunto, é uma pintura individual
e apresenta criações únicas e originais, transcendendo aquilo que conhecemos
como arte popular.
O poder de comunicação direta de uma tela naïf com o público
é muito grande e isto se deve tanto à simplicidade pictórica, quanto aos temas
recorrentes, como o folclore, a religião, o universo onírico e lúdico. Nas
obras dos pintores brasileiros são usadas representações do futebol, carnaval,
festas populares, galos, tatus, faisões, crianças empinando pipas, circos,
noivas, entre outras.
Trata-se de uma arte predominantemente alegre, rica em cores
vibrantes, variada em detalhes devido à riqueza de elementos que retratam nosso
país. Nas telas brasileiras encontra-se a vida do nosso povo, expressada por
pintores de todas as classes sociais, que usam da criatividade para achar
soluções e executar seus trabalhos.
Um comentário:
Muito bonito o blog, sou admirador da pintura primitivista. Tenho incentivado minha neta para que adote esse tipo de pintura
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