quarta-feira, 10 de março de 2010

Antiga Estrada Nova







Tanta estrada perdida...
Sombras e madrugadas,
noites dobradas em curvas e fel:
pesadelos de abismos e espasmos.

Uma queda transversal
passos erráticos
medos enfáticos
estrada antiga
liga do meu umbigo à dor sem par.

Queima o inferno da memória!!!

Já conheço as sombras dessa estrada,
sei que só vou dar em nada,
tanta curva sei de cor:
Enganos, calafrios - pó do pó...

O céu que se ostenta
é chumbo é ferro é aço:
Estrada de asperezas e impurezas
estrada que me segue cega
nega-me a razão e o equilíbrio...
Rezas empoadas no caminho morto...

Por mais que caminhe, o horizonte é sempre o mesmo:
Estrada que não passa com meus passos
aferrada em sombras de um tempo assombrado.

Eis o medo! Sempre e outra vez - companheiro ancestral!

O modo do medo na poeira:
imitação das pegadas
minha sombra, minha sobra e a cor daquele céu...

A alma pesa o espanto
de um passado insone:
cadáver putrefato do futuro!

Dor, fel, medo e chumbo

e um Vazio

um Vazio maior que deus!





10/03/2010

Estrada Nova - Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 1 de março de 2010

UMA PASSAGEM PARA O INVERNO




O Inverno
é a Estação do Trem
que não passa:
passa o tempo passa a vida
mas não passa o Trem
o Trem da vida
que estancou
..............................na curva do descarrilho........................

( """o ranger dos ferros na nevralgia exposta
ecoando na amplidão da memória
de um céu tempestuoso na boca de um deus cruel""" )


O inverno é a Estação que não passa:
derradeira dura e fixa
perdura verões eternos

É a fundura das coisas infindas
que não findam de afundar

É quando a gente
entende
que o tempo apagou pagou
o preço da imponderável luz

O sol e as cores: todos adoeceram sob o gelo

Inverno
É quando o sangue em trilho trilha
rilha ilha de um coração estacionado
corre escorre morre
frio... rio...
rio...rio...rio...

- Coração em conserva que em água impura dura...
Água de se afogar mesmo sem vida
água pesada de geleiras e lençois submersos:
terrores noturnos e camas mal dormidas.

O leito na varanda:
lençóis brancos de geleira
se estendem sobre a alma na estação
Inverno....
é quando os olhos se estacam e estancam
na paisagem interna
de uma estação final
onde o único passageiro
é o uivo escuro
de um vento atroz
gelado
e invencível

Inverno é quando se sabe
que o que sopra aqui dentro
( desolação )
é o último verso de amor magoado

Inverno é viver em feridas vivas
no assombro de um corpo morto
sem tempo e nem lugar
à espera de um Trem
que jamais vai passar
.....................................



01/02/2010

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