Segundo Freud a arte incita
em quem a cria e a contempla uma sensibilidade que se desvirtua da razão e
emerge do inconsciente.
"A natureza deu ao
artista a capacidade de exprimir seus impulsos mais secretos, desconhecidos até
por ele próprio, por meio do trabalho que cria; e estas obras impressionam
enormemente outras pessoas estranhas ao artista e que desconhecem, elas também
a origem da emoção que sentem". (FREUD, 1910, pg 64)
Com o trabalho centrado na emoção humana, o fotógrafo Fábio Stachi busca a íntima relação da dialética corpórea como meio de expressão da arte em que a carne manifesta as linguagens de um corpo aflito, ambivalente e conflituoso.
Nascido em São Paulo e formado em design gráfico, desde cedo desenvolveu o gosto pela arte. Estudou desenho na adolescência e ao longo dos anos explorou suas habilidades no universo da fotografia. Com o amadurecimento pessoal e artístico, a sensibilidade e entrega com a fotografia foi tomando espaço em sua vida.
Influenciado pela luz e sombra de Caravaggio, pela sensualidade da figura feminina nos quadros de Pino Daeni e a ousadia das fotos de Jan Saudek, o trabalho de Fábio convida para um diálogo com a inquietude humana, carregado de sentimentos e provocações.
Não se prende à regras e conceitos estéticos e a cada trabalho desafia a si mesmo com os processos que envolvem suas descobertas artísticas. Apresenta a imagem como um fluxo de vida contínua e com um olhar qualificado investe incansavelmente no pensamento do impensado.
O fotógrafo Fábio e a namorada, Patrícia Costa - que é também musa
protagonista de grande parte dos seus trabalhos - gostam de explorar limites e
lugares abandonados no decorrer do processo criativo. Atrai-os a sensação de
fotografar num lugar com história, que tenha já sido palco de outras pessoas e
vidas.
Nestes espaços, Fabio nunca utiliza luz artificial, apenas a natural, e não limpa chão nem paredes. Um dos trabalhos mais tensos que fizeram teve como cenário o manicómio em Brodowski, no interior de São Paulo. Aí chegaram mesmo a perder-se, no escuro, sem conseguir encontrar a saída.
Patrícia, psicóloga e apaixonada pelo mundo da fotografia (e pelo fotógrafo também) não se incomoda com os cenários sujos. Com a missão de unir mente, corpo e coração, gosta de provocar - a si própria e aos outros - com imagens e palavras. Para o fotógrafo, ela é “mais de metade do meu trabalho. Ela enfrenta, gosta, se empolga, não tem erro. Se eu falar para ela deitar num chão imundo com um centímetro de poeira, ela vai. Posso contar com ela para o que for. Acaba ficando um trabalho sem restrições. Não é qualquer modelo que faz isso.”
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