Pela primeira vez no Brasil, 50 fotomontagens da coleção do Instituto Valenciano de Arte Moderna produzidas pelo fotógrafo alemão JOHN HEARTFIELD para a revista AIZ de Berlim, publicadas entre 1930 e 1938.
A exposição das fotomontagens de Heartfield estará em São Paulo no museu Lasar Segall entre 24 de novembro de 2012 a 24 de fevereiro de 2013.
John Heartfield, Árvore de Natal em solo alemão de 1934.
Membros do movimento DADA cortavam imagens e textos
de jornais e revistas, depois alinhavavam ou combinavam os mesmos, de forma aleatoria, para criar uma
nova forma artística em oposição ao conceito de arte que se tinha até então.
Heartfield desenvolveu fotomontagens como uma forma de representação política e artística que faziam severas críticas ao sistema político e econômico.
Capa criada por Heartfield de encomenda da revista semanal AIZ.
A exposição das fotomontagens de Heartfield estará em São Paulo no museu Lasar Segall entre 24 de novembro de 2012 a 24 de fevereiro de 2013.
John Heartfield (1891-1968)
foi um pioneiro na manipulação de fotos e na história do design. Num tempo muito distante do Photoshop, este genial fotógrafo já criava suas fotomontagens, habilidosamente, demonstrando estar muito à frente de seu tempo.
Ele estudou
desenho, cinema e fotografia em Munique.
John Heartfield
Nascido na Alemanha, seu nome
de registro era Helmut Herzfeld, porém o artista mudou-o para John Heartifield. Ele escolheu se chamar
Heartfield, em 1916, para criticar o nacionalismo irracional na Alemanha e o sentimento antibritânico que prevaleceu em seu país durante a Primeira Guerra Mundial.
Heartfield foi um dos primeiros fotógrafos a usar a fotomontagem, manipulando fotografias para satirizar a estupidez e a brutalidade do
regime nazista. Isto foi há décadas, antes do Photoshop, portanto todos os trabalhos foram feitos à
mão, o que torna sua arte ainda mais impressionante.
Seu trabalho mais conhecido ( acima ) chama-se "Hurrah! A manteiga está desaparecida!", fotomontagem que mostra uma família tentando
comer itens metálicos diversos, denunciando, assim, através da fotografia, como a guerra produz desespero, fome e
escassez no mundo.
Durante a guerra a escassez
de alimento foi devastadora. Hurrah, die Butter ist Alle! ( em português: Viva, a
manteiga está desaparecida), foi publicado na primeira página da revista AIZ em
1935. Trata-se de uma paródia da estética clichê da propaganda comercial: a
fotomontagem mostra uma família em uma mesa de cozinha, onde há um retrato de
Hitler e o papel de parede é enfeitado com suásticas. A família - mãe,
pai, mulher de idade, jovem, bebê, e cão - está tentando comer pedaços de
metal, tais como as correntes, guidão de bicicleta e rifles. Abaixo, na fotografia, aparece o
título escrito em letras grandes, além de uma citação de Hermann Göring sobre a escassez de alimentos.
Traduzida, a citação diz:
" Ferro sempre
fez uma nação; manteiga e banha forte só fizeram as pessoas mais gordas" .
Sua arte se destaca como um exemplo de inovação, muito antes de
se falar em Photoshop, e continua a inspirar, como na época, muitas pessoas a resistirem à opressão
e à violência de regimes ditatoriais e racistas.
Em setembro de 1914, em meio
ao tumulto da Primeira Guerra Mundial, Herzfeld foi convocado para o exército
alemão onde foi obrigado a permanecer até 1916. Foi nesse último ano que Helmut mudou seu nome para John Heartfield como
uma forma não só de protesto contra a Guerra Mundial, mas também contra o
slogan nacionalista alemão que dizia: "Gott Strafe Inglaterra" (Que
Deus Puna a Inglaterra). Ele também fingiu loucura para evitar o retorno
ao serviço militar.
Suas fotomontagens
satirizando Adolf Hitler e os nazistas frequentemente subvertia símbolos
nazistas como a suástica, a fim de minar as propagandas nazistas.
John Heartfield usou sua arte
para protestar contra o controle governamental violento e ganancioso do partido
nazista e do Terceiro Reich de Hitler. Ele produziu com suas fotografias uma abordagem satírica,
condenando aqueles que eram anti-semitas e criticando os ricos industriais que apoiaram o
exército alemão. Ele testemunhou e denunciou, através de sua arte, um país cheio de
pessoas famintas e desoladas no meio do caos durante a Segunda Guerra Mundial.
Suas obras foram proibidas em
seu país de origem, ele se mudou para Praga, na Tchecoslováquia, onde continuou
seu trabalho de fotomontagem para a AIZ.
Em 1933, após os
nacional-socialistas chegarem ao poder na Alemanha, Heartfield mudou-se para a
Tchecoslováquia, onde continuou seu trabalho para a AIZ (que foi
publicado no exílio) e em 1938, temendo uma invasão alemã em seu país anfitrião,
ele partiu para Inglaterra, vivendo em Hampstead. Ele se estabeleceu na
Alemanha Oriental e Berlim após a Segunda Guerra Mundial, em 1954, e trabalhou
diretamente com diretores de teatro como Benno Besson e Wolfgang Langhoff no
Berliner Ensemble e Teatro Deutsches.
Após conversas e encontros com Bertolt Brecht,
que desencadearam influências sobre sua arte, Heartfield desenvolveu a arte da
fotomontagem como uma forma de representação política e artística. Ele
trabalhou em duas publicações comunistas: o diário Die Rote Fahne e
o semanário Arbeiter-Illustrierte-Zeitung (AIZ) onde foram publicadas as obras pelas quais Heartfield é mais lembrado.
John Heartfield, Árvore de Natal em solo alemão de 1934.
Em 1918, Heartfield começou a
atuar na cena da arte de Vanguarda Europeia, chamada Dada, em Berlim, e engajou no Partido Comunista da Alemanha. Ele
foi demitido do serviço, na empresa de filme Reichswehr, por conta de seu apoio à
greve que se seguiu ao assassinato de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo. Com
George Grosz, fundou Die Pleite , uma revista satírica.
DADA ou Dadaísmo era um movimento artístico anti-guerra e
se apresentava como uma forma de protesto ao estado bárbaro da Alemanha e da guerra como um todo
Heartfield usou o seu trabalho de
colagem como um meio político, incorporando as imagens dos jornais políticos do
dia. Ele editou "Der DADA" e organizou a "Primeira Feira DADA Internacional
de Berlim", em 1920.
Heartfield desenvolveu fotomontagens como uma forma de representação política e artística que faziam severas críticas ao sistema político e econômico.
Após a Segunda Guerra Mundial
o poderio alemão chegou ao fim e as tensões políticas foram arrefecendo na
Alemanha no final dos anos de 1940, então, finalmente, Heartfield foi capaz de
regressar ao seu país de origem. Tornou-se professor e recebeu muitos
prêmios por seu trabalho. Continuou com seu trabalho até que problemas de
saúde abateu-o e ele, então, faleceu em 1968 com a idade de 77 anos.
Capa criada por Heartfield de encomenda da revista semanal AIZ.
Lênin na visão de Heartfield
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