domingo, 12 de maio de 2013

GRAPHIC NOVEL - MACHADO DE ASSIS ADAPTADO PARA OS QUADRINHOS - UMA FORMA DE ESTIMULAR A LEITURA DA OBRA ORIGINAL











Machado de Assis é o responsável por grandes títulos da literatura brasileira. O escritor criou personagens que marcaram por sua crítica social, como em Brás Cubas, ou pelo mistério em Capitu e sua suposta traição em Dom Casmurro. Mas a produção machadiana também é responsável por fazer um retrato do Brasil no século XIX e uma análise profunda da alma humana e alma brasileira. Sua obra, como um todo, já inspirou artistas de várias áreas da cultura brasileira, tais como no teatro, cinema, pintura, música, televisão etc.



Dom Casmurro em quadrinhos - Felipe Grecco e Mario Cau






Agora, temos também a chamada graphic novel: Machado de Assis em quadrinhos. Alguns outros quadrinistas já fizeram adaptações de Machado de Assis, porém a adaptação de Felipe Grecco e Mario Cau nos traz um olhar mais denso em relação aos demais.




Título: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
Adaptação: Felipe Greco (roteiro) e Mario Cau (arte)
Editora: Devir – 2012











O resultado é todo em preto e branco, apesar de que existam os que preferem a cor nos quadrinhos, aqui eles notarão que não se trata de preguiça ou de economia em tinta, mas de uma forma quase de adaptar o dualismo da história. No geral, é todo preto no branco, mas quando o artista usa o branco sobre o preto, é para mostrar os momentos mais introspectivos e pensamentos mais obscuros de Bentinho.



















Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. 

Dom Casmurro - Machado de Assis









ENTREVISTA COM OS ADAPTADORES DA OBRA DE MACHADO DE ASSIS Felipe Greco (roteiro) e Mario Cau (arte)




Adaptações para cinema: Capitu (1968) de Paulo César Saraceni, Dom (2003) de Moacyr Góes; para teatro: Criador e criatura - o encontro de Machado e Capitu (1999) de Flávio Aguiar e Ariclê Perez, Capitu (1999) de Marcus Vinícius Faustini; para ópera: Dom Casmurro (1992) de Ronaldo Miranda e Orlando Codá (fonte: machadodeassis.org.br); Microssérie para TV: Capitu (Rede Globo - 2008)

O compositor paulista Luiz Tatit compôs uma canção intitulada Capitu, gravada por Zélia Duncan e Ná Ozzetti que, apesar do título, refere-se a uma internauta que usa o nome de Capitu (a letra rima "hábil, hábil, hábil" com "www").

Machado de Assis em minissérie da Globo - Adaptação de Dom Casmurro


 



Machado de Assis no Cinema - Dom - Livre adaptação de Dom Casmurro

 

















Figurino de "Dom Casmurro" oferece pistas sobre ações dos personagens


 Clássico de Machado de Assis, "Dom Casmurro", serve como fonte para entender a moda e a sociedade do final do século XIX.
Partindo dessa premissa, Geanneti Tavares Salomon desenvolveu o livro "Moda e Ironia em Dom Casmurro".





Moda e Ironia em Dom Casmurro
Autora: Geanneti Tavares Salomon
Editora: Alameda
Páginas: 196




Este livro mostra que a ambiguidade presente em "Dom Casmurro", de Machado de Assis, marca da ironia do autor, também está presente na moda. Esse estudo, desenvolvido pela autora Geanetti Tavares Salomon, revela que a moda pode ser vista dentro da perspectiva de Machado como uma estratégia de criação literária ao passo que colabora na construção dos perfis das personagens idealizados e manipulados por ele em função da trama da narrativa. Além disso, "Moda e Ironia de Dom Casmurro" contribui de forma ímpar para o entendimento da moda do século XIX.








Salomon é mestre em Literaturas de Língua Portuguesa, pela PucMinas e graduada em Letras e no curso de Estilismo e Modelagem do Vestuário na UFMG.

Unindo seus conhecimentos nos dois campos distintos ( literatura e figurinismo ), analisa os aspectos psicológicos das personagens do clássico "Dom Casmurro" partindo de sua vestimenta.









Segundo a autora, as roupas descritas por Machado de Assis são reflexos de suas emoções e intenções. Para Salomon, pequenas dicas do comportamento ao longo da história são oferecidas pelo figurino.









Por tabela, o texto de Machado fornece bases para compreender o momento histórico no qual a obra se passa. Por exemplo, passado no final do século 19, "Dom Casmurro" revela nos trajes a mudança que a sociedade essencialmente agrária começa a sofrer, vivendo a expansão capitalista da época.

Da mesma forma, a evolução da moda pode ser observada na história de Capitu e Bentinho. Fiel ao cenário em que viveu, Machado de Assis transfere para o papel todos os hábitos da sociedade, o que incluiu a forma como se vestiam.









O psicanalista inglês John Carl Flügel (1884-1955) dizia que o uso de roupas em seus aspectos psicológicos se assemelhava ao "processo pelo qual um sintoma neurótico se desenvolvia". Nada mais verdadeiro para Joaquim Maria Machado de Assis. Em seus romances, as roupas nos falam das personagens mais do que terapeutas. Elas são reflexos quase exatos de emoções ou características que certamente serão ou foram desenvolvidas pelo escritor. Assim, na primeira aparição da protagonista de "Dom Casmurro", Capitu está com os sapatos simples de "duraque" costurados por ela mesma. Nessa pequena descrição de Machado esconde-se todo um mundo, da mesma maneira que em cada roupa, trajes e adereços das personagens ocultam as brincadeiras literárias, os jogos de luz, sombra e ironia do romance.









"Moda e Ironia em Dom Casmurro" nos aproxima da relação moda e literatura. Através das descrições dos vestuários é possível perceber os primeiros passos da expansão capitalista global no final do século 19, quando a sociedade de consumo ainda estava se formando. Geanetti Tavres Salomon traz para o leitor a sociedade brasileira em transição do final do século XIX observada pela capacidade incomparável de Machado de Assis.















No século 19, a moda mudava em média de 25 em 25 anos











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