A luz do obscuro não-sentido da
linguagem de Manoel de Barros se torna um dado de natureza, casta, pueril e sem
mácula, pertencente a uma pátria de êxtase onírica infinito, dessas de criança
no primeiro ano de vida que não fala; que todos vivemos e nunca mais nos
lembramos de forma consciente, e que nos encaminha a nossa inscrição única de
sujeito no mundo, aberto as relações, pela linguagem.
A poesia de Manoel de Barros desordena os sentidos dados, ele usa as letras não como representações sígnicas
de significados, que prendem e engendram em uma sentença regida por um
sistema simbólico-cultural, mas sim como um grito de imagens inventadas
que soa imagético, sonoro, e desenhado, sempre a reconfortar o emaranhado de
"utilidades" do real que somos submetidos. Sua obra artística é um bálsamo, e
adoça a existência, sua poesia, como diz o próprio poeta:
“...
é voar fora da asa”
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