sexta-feira, 3 de outubro de 2008

sísifo






Os pés não reconhecem o chão...
Um caminhar anestésico
sensorial 
passo sem pele


A impossibilidade dos encontros:
lassidão.




Os pés adiante
mas na esquina o ontem,
fábrica de engenho traiçoeiro,
engendra a mágoa:
sisifismo


É na esquina que se esbarra
é na curva que o tombo abisma
e rebobina a estrada.


A mão estranha o vão:
- Cadê as digitais?
Será que há prova, um grito?


Vai ver o verbo reverbera
na vida do substantivo Ser:
doer doer doer


Nada se conjuga
tudo é impessoal agora
pretérito perfeito,
presente mais que imperfeito
de grego:
anaisthésia
tudo se nega, tudo se dista:
vista sem olhos, paisagem cega.


Passos sem pés...
pegadas demais!


O abraço é oco
o beijo é mouco
o ouvido esquece o som
a fúria é do corpo
o tédio é do morto
a vida é mesmo vã.


A pele perdeu seu sentido...
a epiderme dorme
Depois da queda o coice
depois da dor a foice
foi-se...


A paralisia do amor caminha permanente.






Nada me toca.





09/10/2008

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