sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CARAVAGGIANA




Na vigília resinosa e aromática 
do âmbar do tempo 
páginas febris do livro das horas 
rumorejam sob a voz impiedosa 
da ineludível das gentes:
só a morte vela 
incansável 
sob a luz funérea 
na obscura orla 
de seu gregoriano canto

Na viscosa inconsistência da noite, 
uma aderência de palavras fúnebres bebe, 
aos sorvos, 
o derradeiro lampejo de ar e luz 
que se esvai 
no sumidouro da madrugada acesa.

Caravaggio flagra 
na infinda escuridão de nós 
o último estertor de Deus.



Torres Matrice


02 de agosto 2013

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