quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Curta metragem - Blobby - A solidão na terceira idade














Curta metragem - Blobby










As pessoas estão muito ocupadas com seus trabalhos e deveres e, por vezes, se esquecem de ligar ou visitar seus amigos e familiares. A solidão está muito presente na nossa sociedade, especialmente entre os nossos idosos.


Estar sozinho, sem ninguém para falar ou conviver, é algo muito difícil e triste que pode até levar à depressão. Claro que toda a gente precisa de algum tempo de solidão, mas isso é bom apenas quando nós podemos escolher, e não quando não temos outra opção.




É precisamente sobre essa questão que o último trabalho de animação de Laura Stewart fala. Ela é uma criadora audiovisual experiente que reside no Canadá, e resolveu fazer uma curta-metragem sobre a solidão das pessoas mais velhas…










Atenção e carinho estão para a alegria da alma como o ar que respiramos está para a saúde do corpo. Nestas últimas décadas surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família.



O fenômeno da solidão na terceira idade está longe de ser algo novo, mas tem ganhado novas proporções na contemporaneidade associado a um estilo de vida que exclui a “presença a troco de nada”, como a autora do artigo mencionado relata.













Laura Stewart, profissional de animação, teve a sensibilidade de traduzir toda a melancolia e o sofrimento experimentados pelos idosos solitários de hoje em dia no curta-metragem abaixo. 







Laura Stewart







"Meu objetivo com este filme foi principalmente fazer as pessoas sentirem algo. O questionamento de 'por que eu fiz o fim tão triste' surgiu algumas vezes ao exibir este filme para os outros. A melhor resposta que posso dar é que eu gosto de contar histórias que são um pouco trágicas, porque vamos enfrentá-las, a vida é um pouco trágica. Frequentemente os filmes, especialmente animações, são  tão bonitos, felizes e fofos, mas são inteiramente unidimensionais."

"Eu gosto de fazer animações que são um pouco mais escuras. Talvez eu seja um pouco sádica." 

"Eu quero fazer as pessoas se sentirem um pouco tristes, mas eu também quero fazê-las rir, e talvez evocar um "ahhhh" ou dois. Tudo no espaço de dois minutos e sete segundos. Então, veja o meu filme, sinta um pouco."


Laura Stewart







Curta metragem - Blobby










O curta-metragem "Blobby" é um abrir de olhos para muitos de nós… Visite aquela pessoa que não visita há anos, ligue se não tiver possibilidade de ir até lá. Pode parecer pouco, mas com isso você pode fazer o dia de alguém muito mais feliz.















Um senhor idoso acorda e recomeça mais um dia, sem motivação expressa, algum sonho ou alguma emoção, algo interessante que motive sua existência; ou qualquer coisa assim. Não se sabe se teve, ou não, uma família. O curta de animação não o mostra acompanhado por alguém, exceto pelo Blobby, um companheiro misterioso, que é um tipo de amorfo, informe, “massa estranha e disforme” (perceba que este é o significado que o nome sugere em inglês). A massa simboliza o indeterminado, o indefinível, o vago. Neste caso, permite uma ampla gama de interpretações possíveis, de fato, esta tem sido a leitura deste filme, feito pela animadora canadense Laura Stewart. Apesar de curto e simples, recebeu vários prêmios e apresentações em vários festivais.












Blobby poderia ser a personificação da própria solidão ou da memória de alguém especial que já não está mais ali. Alguma pessoa que, talvez, tivesse no passado, certos hábitos cuidadosos de manhã, como puxar a cadeira, enquanto o outro toma banho, ou ser um pouco zeloso com o que você bebe à mesa, costumes que poderiam incomodar, mas cujo afeto e amor, ainda estão na memória e são tão fortes que ele estaria disposto a voltar àquilo e suportar qualquer coisa para recuperar novamente aquela presença. Ou talvez Blobby seja a própria solidão que nos obriga a ser criativos. Realidade paradoxal gerada por ausências, mas pode constituir ou ser visto como uma espécie de presença.













Dentro da ambiguidade dos possíveis significados presentes no filme, pode-se ver verdades inegáveis. Uma delas poderia ser expressa assim: Ame a cor da vida nasce. Em pouco tempo o velho decide interagir com seu misterioso companheiro, compartilhando com ele um pouco de seu café da manhã, é quando nasce, desse gesto, um ambiente alegre que se expressa em uma dança entre sons e cores que surgem, ainda que na fantasia. Mas, de repente, tudo termina, como um show de estrelas cadentes, como o fim de um sonho para acordar e enfrentar a realidade da vida solitária e vazia. Dura realidade expressa em mais um suspiro cansado e nostálgico. O solitário homem velho se lembra de fazer uma figura com a comida em seu prato, numa tentativa de evocar a alegria, quem sabe...












Verdadeiramente, envelhecer é um desafio, principalmente pelas limitações e doenças que surgem, mas a sabedoria, a observação e a vivência com o que passam os idosos é o legado que devemos receber de nossos avós. Idosos privados de liberdade e dignidade mínima por causa de pessoas que não os respeitam e que um dia, por sorte, chegaram à terceira idade. Um povo assim não tem futuro, porque não tem memória, perdeu a memória. (...)pensar que tantos idosos são abandonados, muitos dos quais estão em lares de idosos sem o mínimo de respeito, mal tratados, esquecidos, abandonadas por suas próprias famílias.







                                                    Laura Stewart








Este vídeo sensibiliza com a realidade  sobre o envelhecer, que é a realidade que espera por todos nós. Ele nos ajuda a valorizar e apreciar pequenas coisas, pequenos gestos em nossas vidas, tais como saúde e amizades, e nos leva a refletir sobre a importância da caridade e da postura ética, especialmente em relação aos mais vulneráveis ​​e necessitados.




Como nos relacionamos com os nossos avós?























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