terça-feira, 22 de março de 2011

Jogos



Sou quase isso que você quer
o que você quer?!
Quero quase o que você é
o que você é?
Você quer o que quase não é
e sou o que você quase não quer
Quero o que você quase não é
Sou isso! O que é?!
Isso que quase quero
não ser o que você quase é
Ser o que não quase
onde não case o querer
Querer o que não é
ser isso que quero
Você quase não quer
isso que você é
Sou isso que quase
quando não soa o que é:
isso.




Torres Matrice

06/11/99

Insone Voz







Da impossibilidade do sono,
no trapézio da insônia,
à pedra do som avesso,
passo em claro no escuro
a noite do meu quarto.


No ab.surdo silêncio
da madrugada rugada
gritam alaridos que velam
a angústia das coisas que não cessam
acesas
nas dobras do noturno.


Como dói ouvir
esse silêncio que desdobra!
Parece que a noite sofre,
na dor oblíqua de ser erma,
como um tecido de esperas
que, ao contrário, revela
o risco oculto do bordado
que a mão decepada
sonhara um dia.


Cães e galos tecem, notívagos,
o escuro silêncio da insone voz.




Torres Matrice

17/03/99

Postado em 22/03/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Poesia ( Como um choro de beber )




















Ela vem seguindo, vindo, indo,
perseguindo...
Obsecada em mim,
em minh'alma saturando
estertores de inspirar ação,
piração do deus thoth.
Instigando a veia avena,
o pulsar do pulso/ação,
auscultando o peito, a mente...
Mentidor dor-mente,
ente dorme,
dorme em ti.

Ela vem chegando feito febre, lebre, ébria: 
arte arde em fim de tarde,
chega fundo, chega enfim.

abstrata
trata logo de coagir.
Faz-se física dor-ideia
da ideia a dor do ato,
fogo-fátuo: parto
das ossadas que desato
em verso-estrofe
do meu ventre de palavras
como um choro de beber.







Torres Matrice


17/03/99



Postado em 21/03/2011

Para Belos Livros Retalhados








O asno ante a Lira
deslira
mas não vê
o admirável do mundo novo.
Por isso,
olhai as liras do campo
e ouvirás
que as iras eram doces
mesmo quando não-vinhas
pelos caminhos de Guermantes.


Antes o tempo perdido,
agora a busca de Proust:
entre o som e a fúria
e as palavras de um criador.


Por quem dobram os sinos?

Nos retratos de Wilde,
selvagens Dorians
sempre encontram
o ser e o nada
e a tragédia de um escritor!


Um sopro de vida na via crucis do corpo:
viagem ao fundo da noite e a maçã no escuro
redimindo todo pecado,
esperando por Godot...


Os livros não têm paz!


Então, o que quereis?
Paz?!!!


"Se vis pacem
parabellum".




Torres Matrice


17/03/99

Postado em 21/03/2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

HISTERIA




G.rito
definitivo
Cortina rompida
no teatro


Istmo


entre o silêncio
e a plateia

O ponto entre
a mudez
e
a histeria

Quem vem lá?
Medeia... Narciso...
Fedra ou Jocasta?

Tremem os deuses
e os humanos pilares
na tragédia da mente:
angústia.











Torres Matrice



27/02/2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Série "FOI FEITO POR MIM - VIII " - Gal Costa - Sexo e Luz - Por Torres Matrice



Incursionando pelo universo da sensualidade tentei revelar o erotismo desta canção maravilhosa de LOKUA KANZA e CARLOS RENNÓ, interpretada magistralmente por Gal Costa, esta que é , sim, aquilo que realmente define em todas as suas letras e complexidade o conceito de cantora e artista, a despeito de toda a vulgaridade descartável que anda na mídia contemporânea. Salve Gal Costa!!!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Série "FOI FEITO POR MIM" - VII - Caetano (na voz de Gal) - Negro Amor - Por Torres Matrice



Música original de Bob Dylan "It's all over now, baby blue" com versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, interpretação antológica de Gal Costa. Esta versão é definitiva e não tem para mais ninguém! Gal Costa é uma dádiva, uma dívida com os deuses, uma deusa entre os mortais.
Segundo contam, Elis Regina teria dito que se Deus falasse conosco seria com a voz de Milton Nascimento e eu diria que se Ele cantasse em falsete seria com a voz de Gal Costa. Esta canção tem algo de misterioso e mítico, algo de arrebatador e profundo, para mim, que reside na base do contexto em que foi gravada, no imaginário auditivo das minhas lembraças de menino e no emblemático som de uma voz Le Gal.

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