quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ossos do Ofídio





Mostro os ossos do ofício
exponho o vício do ofídio:
a mucosa negra do rancor.


Minha língua protrátil, bífida
destila o veneno da inveja
- que alimento!
sobre o que fui e tive.


Cobra-rei, Cobra-real
cobra de mim mesmo
a dor que me causei.


O amar botou em mim
a escama da dispersão,
o orifício da maldade
e um baú de ossadas
enterrado na memória.


O amor em sua verve rastejante
serpenteia a procissão dos amantes!
E por mais que nos dê asas
é no chão que se morre.


Prece ao sustento da dor:
Ladainha do amor morto...


No costume do corpo ressentido
a falta do amado é a goma do desalento.


A gosma da lesma ainda é a mesma
no rastejar das coisas infindas...


Tudo dói e deixa rastro, deixa lastro
luz fria da tarde na trilha da estrada morta...
Sinais da serpente na areia do caminho:
desenhos dos meu dias de agora.


Mostro o ofício dos ossos na tortura do sacrifício:
meu espírito ainda escama na espinha do sofrimento.





13/01/2009

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...