"Tanta erva rasteira, tanta planta daninha, tantos fungos que só brotam e crescem nos rincões úmidos, lodosos, lutulentos da psique!"
Luto a luta mais vã,
vandalismo sem precedência:
Um céu de nuvens pesadas...
O estranho, o estanho e suas violências.
Monstro de chumbo e pesar:
nas vestes, no olhar, nos véus do tempo.
Além de todo sofrer,
ainda mais este estorvo,
ainda mais este vínculo:
o abraço da força bruta,
a gruta do mal.
Luta sem trégua, frágua,
água do prantear.
Um céu de nuvens carregadas
no olhar, no andar, no sentir...
Tudo desaba em grosso vendaval,
val umbroso do espírito inconsolável.
A vida é sem lugar...
Tudo mais é a Esperança de luto:
dissoluto amor, absoluta dor.
Sabes o que é depositar a coroa,
funesta coroa - esta! - sobre o amor ceifado
e lavrar o vale da mente turva,
recurva de solidão?!
Sabes o que é andar pelos vales das sombras,
perdido nos rincões úmidos do abandono,
onde habitam o lodo e a hera da insanidade?
Sabes o que é doer de amor póstumo e saudade?!
A dor elástica se expande na alma -
braço de alcance eterno no encalço do espírito -
laço do cansaço,
habita o coração, infiltra-se nos ossos:
inverno escuro da saudade.
Idade do carvão.
Escuta este silêncio, este segundo de nada,
esta nota vazia que este acorde me traz,
entre o gesto da mão
que leva ao túmulo a coroa de um reinado
e deposita sobre o passado,
o soluço de um deus morto,
e os desvãos de um castelo sem rei.
Que vale a vida sem viver?!
Tânatos:
Dá-me o teu ombro, dá-me teu colo,
hoje quem morre sou eu...
01.12.2008