terça-feira, 26 de julho de 2016

A SUPERFÍCIE DE UMA VIDA EM ARREPIOS



















A SUPERFÍCIE DE UMA VIDA EM ARREPIOS 



"Só queria agasalhar meu anjo e deixar seu corpo descansar..."






Quem 
me chama e não me deixa dor.m.ir
não me deixa vi.ver
ser feliz
nesses n.osso.s tempos de ninguém

Quem

no frágil nau.frágio
não me deixa ca.lar o indizível
a res.peito de Quem
não teve voz
não teve vez

Quem

seria este poema que s.urge
est.ruge urra
me empurra murra e surra
ao nascer do horror
na costa de bo.drum


seria o me.nino que ofegou
afegou e afogou
chegou não chegou
não pode vir a ser

seria o som da ave síria sem futuro
migrando 
entre a morte certa e a provável

ave refugiada que me brada
nada... nada...
nada

Quem 

de uma praia da turquia 
do mar mediterrâneo
me chama


seria o poema que se debate embalde
se contorce torce o torso 
no embate da palavra afogada
finada

ou 

o menino que não se move
dorso morto na praia
onde raia o Abate
de uma hum.idade lavada
levada
e este poema 
de uma superfície de uma vida em arrepios
a ver navios
mortos na praia




Torres Matrice


04/09/2015

Dedicado a Alan Kurdi
























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