A cantora e compositora Mari Blue, 27 anos, é o retrato da geração nativa digital na música. Ela cresceu com acesso fácil a tecnologias de gravação e divulgação e utiliza tudo o que está ao seu alcance para amplificar seus pensamentos e convicções artísticas. Mari lançou Fruto da Flor, álbum independente, cultivado durante um ano em estúdio e livre de rótulos, característica que marca a moderna música brasileira. Com influências do pop e do rock, o CD abriga um amplo leque de possibilidades sonoras.
Afinada com as lutas pelo empoderamento feminino, Mari se
afirma como autora e realizadora não apenas nas escolhas musicais e nas
letras. É dela a direção (e a cenografia
e o figurino) do primeiro videoclipe do disco (de “Menino”, ainda em fase de
finalização). É ela, também, quem administra suas redes sociais e bolou a
estratégia de distribuição das músicas nas plataformas digitais.
Mineira de Belo Horizonte, mas radicada no Rio, Mari é dona do próprio estúdio (o Ouvido em Pé, em Copacabana), onde gravou o próprio álbum, no seu próprio tempo. Compôs sozinha as 12 faixas do disco, tocou todos os teclados e pianos, mas chamou músicos de sua intimidade para compartilhar a criação.
Um pop classudo, bem tocado, com braços
abertos para o rock, o blues e o jazz, enriquecido pelas letras confessionais e
repletas de ironia de Mari Blue. A artista não se faz de rogada no blues “Ele é
mais sensual que eu” (“Minha unha é no toco / Não sei rebolar / Borroco o batom
/ Não me pede pra sambar / Eu uso óculos”), e abre o jogo na suingada “O
Credo”, que abre o disco (“Eu gosto de liberdade / De ter o meu próprio perdão
/ Eu não acredito na verdade / Eu não tenho religião (…) Sim, me apetece a
convicção/ Fazer da dúvida a conclusão”).
SER HUMANO
Não se sabe de onde vem, não se sabe pra onde vai
Não se contenta com o que tem
Perde logo quando se distrái
Não se sabe quanto tempo tem
Não se sabe pra onde o tempo vai
Só se quer sabe quando o tempo vem
Pedir mais tempo ao pai
Isso é ser humano ê
Isso é ser mistério ai
E tem ser humano que se leva muito a sério
Isso é ser humano ê
Isso é ser mistério ai
É do ser humano, levar tudo muito a sério
Mata por mero prazer, o poder da decisão
Não é pra sobreviver, é apenas dizer
Não!
Se destrói pela cifra do capital
Faz adubo de rosas raras
Sabe bem o que é o bem
E vive fazendo o mal
Isso é ser humano ê
Isso é ser mistério ai
E tem ser humano que se leva muito a sério
Isso é ser humano ê
Isso é ser mistério ai
É do ser humano, levar tudo muito a sério
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