Sylvia Maier é uma artista residente em Nova York, que cria
pinturas de cenas íntimas, momentos capturados no tempo. As imagens estão
cheias de forças que as fazem únicas e universais, ao mesmo tempo: cheias de
cores ricas e matizes sutis, figuras intemporais com referências contemporâneas
opostas.
As pinturas de Sylvia Maier são sobre a condição humana no
mundo. É um trabalho figurativo sobre a vida em ambientes urbanos.
A artista
tem interesse por temas como cerimônias culturais, identidade cultural e
tolerância. O objetivo é levar o espectador a sentir alguma coisa e estar
presente na cena, no instante da obra.
"Eu estou interessada em coisas que são consideradas tabus e desejo quebrá-las para revelar que não há nada a temer. Todo mundo tem a mesma
origem, basta apenas se sentar em uma mesa com alguém fora de sua cultura para perceber
que todos nós somos um."
Semeadas de gestos que se afirmam, as pinturas atraentes e
ricas de Maier têm sempre uma história para contar.
"Círculo de Projeto Mães"
Muitas mães em todo o mundo têm a bênção de passar o Dia das
Mães com seus filhos. Algumas não são, assim, tão afortunadas. Para algumas
mães na comunidade negra americana, especificamente, o dia das mães só serve como um lembrete doloroso
que elas têm para enterrar seus filhos, ainda muito cedo, e que outra pessoa,
alguém cheio de ódio, foi o responsável por isso. Sylvia Maier, enquanto uma artista visual, pensou nessas
mulheres e decidiu homenageá-las.
Para trazer alguma forma de conforto aos corações de mães que
perderam seus filhos para a brutalidade policial, Sylvia Maier criou uma
coleção de pinturas a óleo intitulada "O Círculo do Projeto Mães,"
pinturas que retratam a sua dor, sua luta por justiça e contra a injustiça e o
racismo que coloca a vida dos afro-americanos em perigo.
As mães são pintadas dentro de moedas americanas junto com os nomes dos filhos que perderam e o subtítulo "In God We Trust", "liberty" e "United States of America".
"Essas mães, elas são as vítimas vivas, vivem com a perda de seus filhos”, disse Maier em entrevista ao Huffington Post. "Aos seus filhos foi negada a liberdade em função da maneira que escolheram para viver em uma sociedade racista."
Mães destaque na coleção são Sabrina Fulton (mãe de Trayvon
Martin), Kadiatou Diallo (mãe de Amadou Diallo), Constance Malcolm (mãe de
Ramarley Graham), Valerie Bell (mãe de Sean Bell) e Iris Baez (mãe de Anthony
Baez) , entre outros.
Maier sente que como artista, ela deve usar seu talento para
trazer a consciência a um problema alarmante que está se espalhando como uma
erupção nos Estados Unidos.
Liberdade - Em Deus Nós Confiamos - Estados Unidos da América
"É hipócrisia ver essas palavras em uma moeda. Será que isso realmente significa "liberdade para todos?"
"Eu quero mostrar que existe uma enorme crise em nossa comunidade, onde as mulheres estão de luto pelos seus filhos. Não é uma coisa política apenas, é uma coisa humana. Quero que as mães em Westchester se identifiquem com essas imagens, tanto quanto as mães no Bronx." Justifica a pintora.
"O que faz com que as pessoas pensem que apenas alguns de nós merecem a liberdade?"
"Eu não vejo como alguém pode afastar-se do que está
acontecendo no mundo em torno dele. Eu sou uma mãe e o fato de que essas
pessoas bonitas tiveram que sofrer isso - é apenas um ultraje”, disse a artista Sylvia Maier.
"Eu não quero deixar isso para nossa futura geração. Não é apenas uma questão de negros, todo mundo precisa se preocupar. O que é que vai precisar acontecer para você se importar?
A morte virou tabu
Um dia você se pega
distraído pensando na morte de uma pessoa querida. Imagina detalhes como as
mãos frias do morto, o seu próprio desespero, o caixão sendo lacrado. Fecha bem
forte os olhos e, com dificuldade, tenta focar sua atenção em outras coisas.
Afinal, aconselham os amigos, “de nada adianta pensar nisso."
Isso, a que as pessoas se
referem como algo contagioso, é a morte. “Hoje a morte ocupa no inconsciente
das pessoas um lugar perturbador que no passado em grande parte era ocupado
pelo sexo. A morte virou tabu”, diz o doutor em Ecologia e ministro das
exéquias, Evaristo Eduardo de Miranda.
O luto se tornou discreto para não causar constrangimento.
Em uma sociedade que exalta inescrupulosamente a vida, o corpo sadio, a beleza, o prazer, parece não haver mais lugar para
expressar sentimentos considerados "negativos" como o sofrimento e o lamento. O
próprio luto se tornou algo discreto, reduzido à esfera privada para não causar
constrangimento e desconforto. Os rituais fúnebres – velório, cortejo,
enterro e cultos – se adaptaram aos novos contornos da sociedade "moderninha", urbanizada e
individualista, tornando-se rápidos e assépticos.
A toalete do morto
“A toalete do morto passou a
ser realizada por especialistas que, mediante práticas higiênicas e tratamento
estético, conferem uma aparência de tranquilidade. O velório se tornou curto e,
por questões de segurança, dificilmente é realizado à noite. Já o cortejo
fúnebre costuma ser limitado ao espaço do cemitério e, geralmente, exclui as
crianças”, descreve a socióloga Marisete Hoffmann, professora da Universidade
Federal do Paraná e autora da tese de doutorado Memórias de Morte e Outras
Lembranças.
"A toalete do morto passou a ser realizada por especialistas que, mediante práticas higiênicas e tratamento estético, conferem uma aparência de tranquilidade."
"A toalete do morto passou a ser realizada por especialistas que, mediante práticas higiênicas e tratamento estético, conferem uma aparência de tranquilidade."
Presente de grego
Na sociedade que nega o
sofrimento, o luto se torna algo que precisa ser contornado rapidamente. “O
grupo social respeita a dor da perda, mas tende a ser impaciente quando ela é
demonstrada na esfera pública. Sentimentos de pesar devem ser ocultados, pois
lembram a fragilidade e a finitude humanas”, diz Marisete.
Ignorar a morte é literalmente um “presente de grego”
Ignorar o sofrimento é
literalmente um “presente de grego”, diz o professor Edmundo de Oliveira
Gaudêncio, da Universidade Federal de Campina Grande e da Universidade Estadual
da Paraíba. “Herdamos da Grécia clássica a crença de que o melhor modo de
enfrentar o luto é não falando dele e, principalmente, não chorando, quando a
melhor medida seria ceder à tentação do pranto”, diz o doutor em sociologia.
Esse escapismo se reflete em
uma queima de etapas prejudicial, afinal, quem não vive o luto em toda a sua
dimensão não consegue superá-lo. “Tememos a ‘contaminação da dor’, não
oferecemos continência ao enlutado, retirando prematuramente o suporte. Precisamos
respeitar nossas limitações e dar espaço para aquilo que nos torna
verdadeiramente humanos: nossa capacidade de amar, sofrer a perda daqueles que
amamos e, acima de tudo, atribuir significado a essa perda. A sociedade deve
contribuir para que o enlutado atribua sentido à perda, oferecendo continência,
informação e compreensão”, diz Luciana Mazorra, doutora em Psicologia Clínica
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Além de garantir
simbolicamente a passagem para o além, Marisete explica que os rituais fúnebres
promovem a interação entre a pessoa enlutada e o grupo, que lhe transmite apoio
e conforto. “Cada ritual tem uma função que ajuda a trazer segurança,
amenizando a dor do enlutado e reforçando os laços sociais”, diz.
http://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/rapido-e-indolor-se-possivel-347s5s9hbjm6eanb47vyyo0ni
PERDER DÓI! NÃO ADIANTA DIZER: NÃO, NÃO SOFRA, NÃO CHORE!
SÓ NÃO PODEMOS FICAR PARADOS NO TEMPO, ESTAGNADOS, CHORANDO ETERNAMENTE NOSSAS PERDAS.
O LUTO EXIGE SEU PRÓPRIO TEMPO, MAS NÃO UMA OUTRA VIDA INTEIRA GASTA E ABANDONADA EM VÃO.
A VIDA EXIGE FORÇA E RECOMEÇO.
SÓ NÃO PODEMOS FICAR PARADOS NO TEMPO, ESTAGNADOS, CHORANDO ETERNAMENTE NOSSAS PERDAS.
O LUTO EXIGE SEU PRÓPRIO TEMPO, MAS NÃO UMA OUTRA VIDA INTEIRA GASTA E ABANDONADA EM VÃO.
A VIDA EXIGE FORÇA E RECOMEÇO.
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