Exímio criador de tipos, sambista Adoniran Barbosa vira
personagem de filme.
“Dá licença de contar”, de Pedro Serrano, baseado nas músicas
do cancioneiro e compositor paulistano Adoniran Barbosa. O elenco conta com
Paulo Miklos e Gero Camilo e a trilha sonora tem participação de Ney
Matogrosso.
O curta Dá Licença de Contar (2015) ganhou notoriedade no
país depois de ser premiado em diversos festivais de cinema do mundo, incluindo
Festival de Gramado e Festival Internacional de Bilbao. O filme é baseado nas
músicas do compositor Adoniran Barbosa e o elenco conta com Paulo Miklos
(Califórnia), Gustavo Machado (Disparos) e Gero Camilo (Eu Receberia as Piores
Notícias dos seus Lindos Lábios).
Um curta-metragem que recria o universo existente nas canções
de Adoniran Barbosa, calcado em uma estética condizente com tempo e espaço no
qual o artista estava inserido. Episódios e personagens famosos nas canções do
sambista paulistano são o fio condutor da história, retratando São Paulo nos
anos 50.
FICHA TÉCNICA:
Um filme de Pedro Serrano
Elenco: Paulo Miklos, Gero Camilo, Gustavo Machado, Aisha Jambo, Caio Juliano, Zemanuel Piñeiro.
Direção e Roteiro: Pedro Serrano
Agora a ideia do curta ganhará uma nova janela, pois a história será recontada em um longa-metragem. O projeto está em fase de captação de recursos para que consiga ser viabilizado. Ainda não há confirmação se o elenco será mantido.
Ney Matogrosso canta Iracema música que faz parte da trilha sonora do curta Dá Licença de Contar. Ney opta por uma releitura mais dramática, quase um tango, costurando uma dramaticidade narrativa que revela bem a intensidade da letra da canção. A subversão, bem ao gosto de Ney Matogrosso, caiu como uma luva ao que propõe o filme.
Uma das composições mais famosas de Adoniran Barbosa pode não parecer uma música triste numa primeira ouvida, mas a história sobre o amor de um homem por Iracema, morta em um atropelamento, é uma grande narrativa trágica. Convidado para interpretá-la no curta-metragem Dá Licença De Contar, Ney Matogrosso, a pedidos do diretor Pedro Serrano, se entregou à melancolia que a letra sugere.
Direção: Pedro Serrano | Produção Musical: Lucas Mayer
Produção: Latina Estúdio e Pink Flamingo | Apoio: Rádio Eldorado e Flix Media
“Iracema é uma música bem trágica. Achei que eu iria poder
deitar e rolar e fazer do jeito que achava que deveria ser”, conta Ney, que
sente um certo alívio por poder dar uma nova roupagem ao icônico samba. “Fiquei
nervoso porque achava que, inevitavelmente, iriam haver comparações com outros
intérpretes de” Iracema” como Elis, mas como fomos para outro lado fiquei mais
tranquilo”.
Como Noel Rosa cantava sua Vila Isabel e Dorival Caymmi
cantava a Bahia, Adoniran escrevia canções-crônicas sobre bairros como Brás e
Bexiga, com caracterização bem-humorada de personagens da cidade.
"Trem das Onze", "Saudosa Maloca" e
"Tiro ao Álvaro" são composições até hoje muito lembradas, cantadas e
vistas como cartões-postais musicais da cidade de São Paulo.
Adoniran Barbosa é o pseudônimo famoso de João Rubinato,
filho de italianos, nascido em Valinhos, interior de São Paulo, em 1910.
Alternando empregos e vários tipos de bicos, circulando por São Paulo, Adoniran
entrou para o mundo do rádio na década de 30, como cantor e depois locutor e
comediante. Na época, gravou seus primeiros discos e teve sucesso modesto com a
marcha "Dona Boa", na voz de Raul Torres.
Mas foi na década de 1950, com o conjunto vocal paulista
Demônios da Garoa, que encontrou sucesso nacional. O compacto com "Saudosa
Maloca" e "Samba do Arnesto" foi lançado em 1955 e despontou no
mercado fonográfico.
Nas vozes dos Demônios, encontrou veículo perfeito para as
canções cheias de sotaques italianos, "causos" cotidianos e tipos
paulistanos. "Apaga o Fogo Mané", "Iracema" e "As
Mariposas" são algumas das canções da época.
Elis Regina e Adoniran Barbosa
Na década de 70, Adoniran foi
cantado por Elis Regina, Clara Nunes e Clementina de Jesus, e gravou seus três
únicos LPs como cantor. Morreu em São Paulo, em 1982.
Demônios da Garoa - Mais recente formação
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