Vida acelerada e o excesso de informação
Lembra
quando não existia celular, email, sms, facebook e smartphones? Não faz muito
tempo. Saíamos para almoçar com tranquilidade, conversavamos sem interrupções,
depois voltavamos caminhando lentamente para o trabalho para resolver as coisas
que faltavam. As 18:00hs já estavamos indo para casa. Essa vida acabou, pelo
menos nas metrópoles.
Historicamente,
a maior transformação no ritmo de vida ocorreu com a industrialização. Antes
ninguém usava relógio. Os encontros eram marcados pela manhã, ao meio dia ou no
final da tarde. Nunca depois do almoço, porque havia o sagrado cochilo da
siesta. Mas as técnicas de produção acabaram com essa moleza. Todos passaram a
ter hora certa para chegar nas fabricas porque se alguém se atrasasse
atrapalharia a linha de produção. Junto com os relógios de ponto, os relógios
de pulso se tornaram populares.
Ninguém mais anda devagar nos grandes centros. Todos se
movimentam o mais rápido possível para dar conta do que fazer. O psicólogo
Robert Levine conta em Geography of Time que conduziu uma pesquisa em 31 países
para medir a velocidade das pessoas caminhando nas ruas. Nos últimos anos a
velocidade média subiu de 4,78 km/h para 5,26 km/h. Segundo ele, é prova inequívoca
de que o ritmo de vida está acelerando.
O novo
ritmo, ditado pelas máquinas, mudou até a literatura. As histórias breves,
escritas para serem lidas do começo ao fim num curto espaço de tempo, começaram
a desbancar os grandes romances de 500 ou mais páginas. Ler um romance hoje é
quase impossível. Durante a semana, inviável. No final de semana, quando
pegamos o livro, precisamos reler quase tudo porque perdemos o fio da meada.
Quando começamos a embalar na leitura, surge alguma coisa para nos distrair.
A internet e as novas tecnologias não estão apenas diminuindo
nosso tempo livre, estão também limitando nossa atenção.
Um estudo feito pela
seguradora britânica Lloyds avaliou que o stress da vida contemporânea vem
fazendo diminuir nosso tempo médio de atenção. Na última década, o que chamam
de "attention span" caiu de 12 para menos de 5 minutos. Esse é o
tempo que conseguimos focar numa coisa.
Fazer muitas coisas ao mesmo tempo produz consequências
preocupantes. O excesso de informação e a fragmentação do trabalho nos fazem
perder capacidade cognitiva, dificultando a consolidação de informações e a
discriminação. Não sabemos mais o que é importante e o que não é, buscamos
apenas o que é novo. Apesar de termos uma impressão de eficiência, acabamos não
fazendo nada direito.
As constantes interrupções são contraproducentes e
limitam nossos potenciais. Quando não há concentração, nossa produção equivale
à de uma pessoa com QI 20% inferior, aponta pesquisa coordenada pelo psicólogo
Richard Nisbett da Universidade de Michigan.
Os jovens são os mais afetados. Há uma verdadeira epidemia de
deficit de atenção entre eles. Em vários casos o problema é o excesso de
estímulo e informação, porém muitos acabam sendo medicados.
O avanço tecnológico não vai parar, nem o turbilhão da vida
agitada. Cabe a cada um aprender a fazer bom uso das novas ferramentas e
encontrar soluções para melhorar a própria vida e a dos que estão à sua volta.
Vida acelerada e o excesso de informação
por Dado Salem
Fonte : http://www.psiconomia.com.br/2012/03/vida-acelerada-e-o-excesso-de.html
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