sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Gabriel Wickbold um fotógrafo que tem muito a dizer - Obra provocativa e questionadora




Gabriel Wickbold é um jovem fotógrafo brasileiro com um portfólio invejável. Natural de São Paulo, é um autodidata que nunca estudou fotografia especificamente, mas confessa sempre ter tido contato com diferentes expressões artísticas, sendo a sua mãe uma artista plástica, e tendo já trabalhado com poesia e como produtor musical.

O fotógrafo de 25 anos formou-se em Rádio e TV na Faculdade de Comunicação e Marketing da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), o que desde cedo o colocou em contato com a edição de vídeo, iluminação para televisão, direção de atores e toda uma mistura de linguagens que lhe permitem agora compor o seu trabalho.

No que  diz respeito à fotografia, tudo o que aprendeu foi através da leitura, testes por todo o Brasil, contato com outros fotógrafos e um acumular de referências, culminando no desenvolvimento progressivo do seu modus operandi em estúdio e fora dele.




Assista abaixo o teaser e conheça um pouco deste artista maravilhoso e suas ideias. Vale a pena conferir! Espero que vocês gostem.













Gabriel Wickbold realizou em 2012 a sua primeira exposição individual. Nessa exposição chamada NAÏVE, traduzindo do francês seria algo como “ingênuo”, ele enquadra a imagem na cabeça humana. Afinal, é, na cabeça, ou melhor, no cérebro, que se concentram os pensamentos racionais e imaginários, aqueles que viabilizam histórias e provocam viagens surpreendentes. É, na cabeça, local da caixa craniana, que “estalam” e se concentram as ideias, as emoções, que geram atitudes e desencadeiam as tensões da nossa existência e, também, o estado de felicidade.










Em sua busca pela essência do homem, registrou imagens de rostos de modelos pintados a guache e craquelados, sobrepostos por insetos ou plantas. Para Gabriel Wickbold, este ser humano ingênuo (tradução da palavra francesa naïve), fossilizado, atua “adubando algo novo, gerando vida através de sua carcaça pura”. 

O título da série faz alusão ao pretensioso e equivocado sentimento de superioridade do homem em relação à natureza.

Sempre estiveram presentes no trabalho do fotógrafo a figura humana e a criação de interferências em seus personagens com tinta. Em Naïve, a novidade fica por conta da interação com outros elementos da natureza, acessórios que são dispostos aqui com a intenção de questionar a posição do homem no mundo.























Apesar de forte relação com a temática do impacto ambiental provocado pela ação humana, as questões fundamentais nas obras de Gabriel Wickbold são filosóficas, interiores. Nesses trabalhos, o fotógrafo foca-se na natureza do homem, arrogante devido a sua falta de conhecimento acerca da vida que o cerca, da vida que está além de sua própria vida. 



















Não passamos de animais. Somos fisicamente fracos, lentos, com pouca ou quase nenhuma percepção do que nos cerca, perdemos um tempo gigantesco procurando entender coisas que não irão alterar em nada a nossa vida, somos os únicos responsáveis pela próxima extinção em massa da vida no planeta e ainda nos achamos seres superiores”, critica o artista. 













O homo sapiens é uma espécie que modifica em seu favor o ambiente no qual vive, nem que para isso tenha que impossibilitar a vida para outros seres”, analisa ainda o fotógrafo.












Em Naïve, Gabriel optou por fotografar apenas as cabeças dos modelos, já que é a parte do corpo onde se centram as ideias e emoções. Essas cabeças foram cobertas por guache e, após a secagem, a tinta foi lixada para a criação do efeito de craquelado. 
Antes do clique, o inseto ou planta é posicionado sobre a face. 
Todos os elementos que compõem as obras de Gabriel Wickbold estão presentes no momento da fotografia.

Tão importante quanto a técnica do manuseio da câmera é esse processo de transformação dos modelos em homens-instalação. O artista trata a fotografia como instrumento para representar sua estética, que é utilizada como um impulso para o conteúdo, um meio de exprimir sua visão de mundo.














 “A arte é reflexo do homem e suas questões. Essa série veio como uma transpiração desse meu momento”, diz.





CARTAZ DE DIVULGAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE GABRIEL WICKBOLD, INTITULADA NAIVE, EM SÃO PAULO NO ANO DE 2012.














Gabriel soube explorar e incorporar a radicalidade das suas experiências. Sempre buscou trazer, para sua cena fotografada, elementos de estranhamentos que nem sempre eram identificados de imediato. Essa é a sua principal singularidade: provocar, no espectador, a dúvida, a inquietação, o estranhamento diante daquilo que não é imediatamente reconhecido. E, em poucos anos, ao mixar seu conhecimento de teatro, de música e de imagem técnica, entre outras linguagens, é que produziu uma fotografia potente que teve imediata aceitação no mercado, justamente por distanciar-se do senso comum.






















Nos retratos apresentados nessa série, NAÏVE, Gabriel tem um sofisticado processo de criação. Primeiro, ele pinta partes específicas da cabeça do modelo, para provocar o aparecimento de uma espessura e textura além da pele. Em seguida, após a secagem, formam-se camadas craqueladas resultantes dos pequenos movimentos humanos. Logo após essa etapa, é necessário lixar algumas vezes os excessos e acrescentar elementos encontrados na natureza. O referente – homem e natureza – torna-se um ser estranho e o processo busca enfatizar a relação intensa entre vida e arte nessa complexa relação.







O trabalho exala, ainda, muita intimidade e cumplicidade e essa é a conexão criativa de Gabriel Wickbold a qual impulsiona o ensaio. Aliás, muito performático e carregado de interferências e referências que denotam a qualidade da sua fotografia. 


Rubens Fernandes Junior, curador e crítico de fotografia








Cor, energia, luz e texturas são as ferramentas deste jovem fotógrafo brasileiro que faz do corpo humano a sua matéria-prima. Personalidades vincadas, excêntricas, ou faces marcadas pelo tempo, o produto da vida, dão origem à imagens provocativas, emocionantes e com alma. Um trabalho justamente reconhecido e digno de referência!



                   O artista e fotógrafo Gabriel Wickebold


Empirista, a experimentação e a experiência são a sua motivação, e não tendo medo de tentar coisas novas, assume ser essa a sua busca constante. O trabalho de Gabriel é multifacetado, provocativo, evidenciando cores e detalhes, em imagens emocionantes e cativantes, o que lhe imprime uma identidade forte. A sua fotografia de eleição é o retrato, a base da sua obra é o Homem. Das encenadas e complexas fotografias de estúdio à simplicidade das fotografias de viagem, são as pessoas o denominador comum na criação de imagens que dizem mais do que mil palavras poderiam dizer.





















CLIQUE NO VÍDEO ABAIXO E VEJA A MOVIMENTAÇÃO DURANTE A EXPOSIÇÃO DO ARTISTA EM SÃO PAULO EM 2012.



Naïve - Lançamento from Gabriel Wickbold on Vimeo.

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