sábado, 29 de março de 2008

À MACHADADAS






Da natureza dos Machados
perfumes distintos evolam-se...

( O machado que me derruba é bem outro... )

Da natureza dos Machados
cortes e picadas efeitos distintos:

Um Machado devassa-me e disseca a alma.
Ao derrubar-me, este, às fibras, imprime o selo do sândalo.
É Machado de bom corte: doce, rico e florente.
É quando desabo a erguer-me na madeira do papel...

O outro machado
é das decapitações:
serve-me à Salomé,
sorve-me em puro sangue.
É machado dos hiatos
que a nefasta navalha prefere!
Este, sim, machado que me rompe:
desfibra, separa, rasga, destrói e desfaz.
machado das covardias,
achado da solidão casmurra:
esmurra, urra, espanca, berra.
Desatina em silêncio a Dor...
Tanto corte, separação,
tanta ausência, tanta solidão
e silêncio!

A mão desaba o corte afiado sobre a veia vital, coralina...

Ri-se o carr.asco,
em seu brilho de ódio,
do alto do silêncio do seu gesto?!

Vem o eterno de um instante: o átimo e o sangue.

A Solidão é minha forma oblíqua e dissimulada
de derramar no silêncio
a Dor aguda de tanta ausência.

Eu, que silente, sou só solidão de machados,
vibro, ainda, a cada golpe
que o sangue e a sina não esquecem.



TORRES MATRICE

15.04.2006

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...