sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

MEU





A seda escapou-me por entre os dedos...
A sonata decompôs-se por entre as pautas:
as notas todas pelo chão...Todas as notas!!!
O soneto esvaiu-se em esquálido som: sussurro, sibilo...
A cantilena, num esgarçar de voz, fez-se muda.
A rara flor, agora inodora,
em fúnebre jardim prostrou-se.
Trouxe o tempo, pois,
a nota da ausência.


O calor que aqui estava?!
A vida resfriou.


Meu equilíbrio, meu brio?!
O sonho de existir e ser, a vontade?
Conversão.


O mel do Melhor converteu-se em mal maior,
travo, adstringência,
Cica, triz, treva: esquife.


O Horror cristalizado no sal da dor:
Esse não sabe passar, reside no imutável,
é cruz, é fixo


-é meu!!!







03.11.2004


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