Marajoara é
o nome dos habitantes da ilha de Marajó.
É conhecido
pelo nome de arte marajoara o conjunto de artefatos, sobretudo a cerâmica,
produzida por antigos habitantes da Ilha de Marajó, no Pará. Sua importância
reside no fato de ser considerada a mais antiga arte cerâmica do Brasil e uma
das mais antigas das Américas. Sua fase mais popular entre o público, e que
também é alvo da maioria das pesquisas, situa-se no período de 400 a 1400 d.C.
A tradição
da cerâmica marajoara segue até hoje, com peças pintadas principalmente de
vermelho e preto sobre fundo claro
ILHA DE MARAJÓ - BRASIL
A ilha de Marajó fica no encontro
do Rio Amazonas com o mar
Localizada
no estado do Pará, região norte do Brasil, Marajó é a maior ilha fluviomarinha
do mundo, cercada pelos rios Amazonas e Tocantins, e pelo Oceano Atlântico. Acredita-se
que as fases arqueológicas da ilha do Marajó foram cinco, correspondendo cada
uma a diferentes níveis de ocupação e a diferentes culturas instaladas na
região: Ananatuba, Mangueiras, Formiga, Marajoara e Aruã.
O cacicado marajoara
O cacicado
marajoara foi uma forma de organização indígena intermediária entre a aldeia (típica dos
índios de hoje) e um estado nos moldes europeus. Várias aldeias eram governadas
por um cacique, e esse cacique, entre outros, obedecia a um chefe superior. O
cacicado fala de uma civilização amazônica mais desenvolvida que as aldeias de
hoje. A chegada dos europeus teria acabado com os cacicados e feito os índios
viverem em aldeias isoladas
A partir do
século I, o povo Marajoara, ao lado do vizinho povo Tapajós (que habitava a foz
do Amazonas e todo o trecho do Rio Tapajós, responsável pela chamada “arte
tapajônica”) desenvolve uma agricultura itinerante, com queimadas e derrubadas
de árvores. Suas casas eram construídas sob aterros artificiais, e dedicavam-se
a confeccionar cerâmicas usando técnicas decorativas coloridas e extremamente
complexas, que resultaram em peças requintadas de rara beleza.
Tal produção
revela detalhes sobre a vida e os costumes dos antigos povos da Amazônia. Os
Marajoaras faziam vasilhas, chocalhos, machados, potes, urnas funerárias,
estatuetas, apitos, bonecas para crianças, cachimbos, porta-veneno para as
flechas, além de curiosas tangas de cerâmica (um tapa-sexo usado para cobrir a
genitália das mulheres), talvez as únicas, não só na América, mas em todo o
mundo.
Se observarmos com cuidado a rica cerâmica Marajoara,
suspeitaremos que ela tenta registrar vários arquétipos de formas originais,
muito antigas, que se perderam no decorrer do tempo, podendo estar relacionadas
não somente a cultos destes povos, mas também a uma linguagem desconhecida
usada por seus ancestrais.
É notório, como podemos ver nas ilustrações, que esses povos detiveram um grande conhecimento que foi, no decorrer do tempo, misteriosa e gradativamente, sendo diluído nas brumas do esquecimento pelos seus próprios descendentes.
Retirada de
Iguaçaba, pelo arqueólogo Cliff ; 1940.
O maior
acervo de peças de Cerâmica Marajoara encontra-se no Museu Emilio Goeldi em
Belém-PA. Há também peças no Museu Nacional no Rio de Janeiro, (Quinta da Boa
Vista), no Museu Arqueológico da USP em São Paulo-SP, e no Museu Universitário
Prof Oswaldo Rodrigues Cabral ,na cidade de Florianópolis-SC e em museus do
exterior - American Museum of Natural History-New York e Museu Barbier-Mueller
em Genebra.
A arte marajoara ora caracteriza-se pelo zoomorfismo (representação de animais) ou antropomorfismo (representação do homem ou parte dele), bem como a mistura das duas formas (antropozoomorfismo).
Um dos maiores responsáveis, atualmente, pela memória e resgate da civilização indígena da ilha de Marajó é Giovanni Gallo, que criou em 1972 e administra o Museu do Marajó , localizado em Cachoeira do Arari. O museu reúne objetos representativos da cultura da região - usos e costumes.
Animais como serpentes, lagartos, jacarés, escorpiões, e tartarugas estão estilizados em forma de espirais, triângulos, retângulos, círculos concêntricos, ondas, etc. em técnicas variadas.
Para
aumentar a durabilidade do barro agregavam-se outras substâncias-minerais ou
vegetais como as cinzas de cascas de árvores e de ossos, pó de pedra e concha,
além do cauixi, uma esponja silicosa que recobre a raiz de algumas árvores.
A
civilização Marajoara não deixou cidades nem obras de arquitetura para a
posteridade, mas por outro lado legou uma cerâmica capaz de reconstituir sua
história. Louças e outros objetos, como enfeites e peças de decoração dos
antigos povos de Marajó são exemplos da riqueza cultural dos ancestrais dos
povos nativos da área.
Dado o apelo
comercial que a arte marajoara despertou por volta de meados do século XX, hoje
em dia muitos dos moradores locais da ilha se dedicam a produzir réplicas de
várias peças, especialmente os vasos, vendidos a um bom preço a turistas.
" Hoje,
Icoaraci, um dos distritos de Belém, é reconhecida internacionalmente por essa produção cerâmica que
homenageia seus povos nativos - não só o povo Marajoara, mas também diversas
outras etnias ancestrais do Baixo Amazonas.
Dessa maneira, um novo
reconhecimento da produção material dessas culturas se afirmou. O trabalho que
começou com Mestre Cardoso é um legado que congrega varias famílias ceramistas,
que hoje fazem de sua estética um ponto de intenso comércio cultural e popular
na cidade de Icoaraci. Isso não só transformou para melhor a vida dos artesãos,
como também tem ajudado a construir, cada vez mais, uma identidade popular que
une a todos em um fazer artístico.
A Arte
marajoara é uma das manifestações mais riquíssimas da cultura brasileira sendo
ancestral e ao mesmo tempo contemporânea.
A tradição
da cerâmica marajoara segue até hoje, com peças pintadas principalmente de
vermelho e preto sobre fundo claro
O grafismo marajoara pode ser visto em roupas, bolsas e até tatuagens
GRAFISMO MARAJOARA
Um comentário:
Muito bom!!
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