Todo o gesto é um acto revolucionário
Fernando Pessoa
"A Incredulidade de São Tomás", de Michelangelo
Merisi da Caravaggio, 1601-02
É difícil manter-se são. Mesmo com os pronomes meio errados,
que nos lembram como estamos aqui, burros e sãos. É difícil deixar que a mente
flua num ritmo que todo mundo finge que reconhece, ainda mais quando ela é
apenas um fluxo sereno de gente que finge que sabe, mas não sabe.
CATO ALBERICO RIBEIRO
Em "Eu Preciso lhe Dizer", documentário idealizado
pelo psicólogo Ricardo de Paula e dirigido por Douro Moura, depoimentos
curiosos de gays que "saíram do armário", não deixam o público
desgrudar os olhos da tela. O motivo é simples: trata-se do registro do ser
humano em seu estado mais transparente, sem máscaras e livre de julgamentos.
O documentário Eu Preciso lhe Dizer, de Douro Moura (foto
acima), diz, com franqueza, de maneira magistral, tudo que homossexuais e seus familiares já disseram, ou ao menos pensaram, uma vez na vida.
A obra, que se propõe a descobrir as origens do preconceito
e a encontrar uma forma de lidar com a intolerância na família e na sociedade,
foi idealizada pelo psicólogo Ricardo de Paula (foto acima) e contou com a
execução do cineasta brasiliense Douro Moura.
Para que você veja os dois lados dessa experiência, o filme
também mostra o relato de pais e mães de gays, que surpreendem ao contar como
receberam a notícia. Uns, com reações carinhosas e até hilárias; e outros, que
inicialmente "entraram no armário", ao tentar fingir que nada havia
acontecido. Reflexos naturais de quem também enfrenta medos, culpas e muitas,
muitas dúvidas.
Até o momento, todas as críticas recebidas por Douro, tanto
da comunidade hétero, quanto LGBT, foram extremamente positivas e
incentivadoras para continuar desenvolvendo trabalhos “relevantes para a
sociedade”. “Todos que assistem ao documentário se identificam com a temática,
sempre existe um amigo, ou um parente que se encontra naquela situação, e se
enxergam na dificuldade que a comunidade sofre com esses problemas de aceitação.”
Dessa vontade de ‘mudar o mundo’, nasceu o recorte
necessário para criar o filme Eu Preciso lhe Dizer.
“Discutindo com o Ricardo,
chegamos a problemática da relação do homossexual com o ambiente familiar, com
o ambiente de trabalho… Queríamos mostrar como eles lidam com esse preconceito
arraigado na sociedade e como o mundo vê essa orientação”.
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