quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

QUANDO A ARTE SE SOBREPÕE À IDEIA CAPITALISTA DE UM COMERCIAL - ESCREVER É UMA VIAGEM


A ESCRITA É UMA VIAGEM


Não gosto de fazer postagens que apresentem quaisquer sinais de comercialização ou divulgação de quaisquer produtos ou marcas comerciais, porém abri exceção para este filme que é de uma beleza e poesia tocantes. Por ser tão lírico e carregado de arte, faço esta concessão. Além do mais, o filme nos deixa uma dica de leitura muito valorosa: Blaise Cendrars.

Aparece, em determinado momento da propaganda, um livro de BLAISE CENDRARS, autor que eu também recomendo. 

Abaixo, apresento, para quem não conhece, um pouco de Blaise Cendrars.

Quanto ao filme de propaganda em questão: este é o último filme produzido por Solab Fotos para a marca Louis Vuitton e foi  intitulado com o nome de  "A escrita é uma viagem".  

O filme, abaixo, é uma realização soberba de Romain, e a música, executada por Birkii, nos Mergulha no coração da criação e da inspiração. Espero que vocês gostem!






















BLAISE CENDRARS foi pintado pelo genial MODIGLIANI



Amedeo Modigliani
Retrato de Blaise Cendrars 1917



Frédéric-Louis Sauser (01 de setembro de 1887 - 21 de janeiro de 1961), mais conhecido como Blaise Cendrars , foi um romancista e poeta suíço que se tornou naturalizado francês cidadão em 1916. Ele era um escritor de considerável influência na União Europeia e teve grande influência sobre o  movimento modernista. Conheceu e viveu com diversos artistas e escritores responsáveis pelo Modernismo Europeu, tais como Apollinaire, Chagall e Picasso.


                           Um moderno viajante nos trópicos



Cansado das vanguardas européias, o poeta Blaise Cendrars despertou nos modernistas brasileiros, por incrível que pareça, o interesse pela cultura do próprio país.


A paixão pela aventura foi uma constante na trajetória do poeta e romancista franco-suíço Blaise Cendrars, que fez das viagens, reais ou imaginárias, a matéria-prima de sua criação. Cendrars fez sete visitas ao Brasil. Na primeira delas, em 1924, quando foi subvencionado pelo milionário e mecenas paulista Paulo Prado, permaneceu por nove meses. Travou contato com artistas modernistas em São Paulo, conheceu Donga e outros músicos populares no Rio de Janeiro, onde subiu sozinho uma favela, e passou a Semana Santa nas cidades históricas de Minas Gerais, ao lado de Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, na chamada “caravana modernista”.





Foi Cendrars – um estrangeiro – quem despertou o interesse dos modernistas brasileiros pela arte regional e tradicional barroca de Minas Gerais. Mário de Andrade chegou a declarar que foi Cendrars quem o libertou da França. E é a viagem com o escritor ao Rio de Janeiro, no Carnaval, que faz aflorar em Tarsila o gosto pelo popular, pela poesia das favelas e da gente humilde, até então soterrado pela influência do “bom gosto europeu”.



                           Pintura de Tarsila do Amaral


 Foi Cendrars, aliás, quem escreveu os textos do catálogo da primeira exposição de Tarsila em Paris, na Galerie Percier, em 1926. Tudo o encantava: a mestiçagem, as esculturas de Aleijadinho e até as aventuras de Lampião. 




SÃO PAULO

Enfim eis usinas um subúrbio um gentil bondinho
Fios elétricos
Um rua populosa com gente que vai fazer as suas compras da tarde
Um gasômetro
Enfim se chega na estação
São Paulo
Penso estar na estação de Nice
Ou desembarcar em Charring-Cross em Londres
Encontro todos meus amigos
Bom dia
Sou eu.



Poema de Blaise Cendrars traduzido por Patrícia Galvão, a Pagu




                             
                           Blaise Cendrars em sua juventude


Cendrars rompe com seu passado de esteta, e essa ruptura se reflete nesse verso: 

“Adieu Paris, Bonjour soleil”, que se traduz como “Adeus Paris, Bom dia Sol”.


“Feliz de poder romper com o comércio de manifestações parisienses, onde se confinava a poesia – dadaísmo, surrealismo –, agarrei a oportunidade pelos cabelos e parti o mais depressa possível”. ( Blaise Cendrars )




Texto de Luciano Trigo

fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/um-moderno-viajante-nos-tropicos

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