Contar sereias no deserto
alinhavar cada grão do areal
fazer da angústia bandeira desfraldada
moldar o vento até que surja a face da eternidade
trazer à tona o escafandro perdido
nas dunas inacessíveis do oceano
mapear os horizontes perseguidos
como quem anda, debalde, pelas auroras
ressuscitar os vivos que perambulam, ociosamente,
entre búzios da noite funérea
Impossibilidades da natureza humana!
Na vala comum murmuram, doentes,
vozes das águas noturnas:
a sarjeta bebe o rescaldo de um silêncio pluvial.
A chuva vem de dentro...
um sentimento de impotência escoa
ab.surda letargia
paralisia paterna perante o póstumo primogênito:
espelho meu!
Nada pesa mais que a sombra do espírito ausente...
Quando você foi embora
o céu deu de escurecer
fez-se noite em meu viver.
Das tentativas de esquecer o mal que a água faz quando se afoga,
perdi as contas!
E as ondas se quebram na praia...
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Torres Matrice
29/01/2008
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