René Magritte pintou o quadro “A Traição das Imagens – Isto Não é Um Cachimbo” – O que ele pôs em questão, além de outras possíveis, é o contraste entre coisas e signos na vida cotidiana. Vivemos no mundo da linguagem e o tempo todo esbarramos com signos verbais e não verbais que nos induzem a pensar naquilo que eles representam e nos reportam ao mundo real ou subjetivo. A partir daí a arte nos provoca reações e reflexões infindas de natureza filosófica, lingüística, antropológica, científica, artística, religiosa etc. É o mundo fabuloso das linguagens!
Um desenho, uma pintura, uma foto de um ser ou objeto são apenas representações dos mesmos, são signos gráficos, pictóricos ou imagéticos que nos remetem a uma realidade que foi reproduzida de forma simbólica. São formas que nos remetem a algum elemento do mundo exterior à linguagem, elementos do mundo objetivo e que, assim como as palavras, podem representar, indicar, apontar, sugerir o mundo real e tudo que nele houver. Signos verbais ( palavras ) ou signos não verbais ( desenhos, pinturas, cores, representações gráficas etc ) podem representar de forma criativa, artística, um determinado universo, conceito, objetos, seres etc.
A palavra cachimbo não é o próprio cachimbo é a representação gráfica, escrita, daquilo que no mundo extralingüístico realmente seja o objeto cachimbo. O objeto é a coisa em si; o desenho, a foto, a pintura, a palavra são apenas simulações e representações de um referencial, de um objeto. De fato, o desenho ou a foto de um cachimbo não são o próprio cachimbo, não podem ser fumados. Uma pessoa não pode fumar a pintura, o desenho, a palavra ou a foto porque aquilo é apenas um signo da coisa real. É uma “ilusão” sugerida pela eficiência da linguagem que se usa de que aquilo que se vê representado é a coisa, mas não é. Um é a realidade e o outro é a representação dessa realidade. Os artistas se valem desse recurso fazendo com que o apreciador reaja diante dessa representação e levante questionamentos, ideias, sensações, associações sobre aquilo que é representado, sobre o que é de fato real e o que é fantasia e, indo mais além, sobre a própria ordenação do real. Espera-se que o observador faça suas próprias inferências e tire suas próprias conclusões. Trata-se de um texto aberto às mais variadas “viagens” mentais.
Torres Matrice
03/09/2011
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