Meu corpo adivinha
sensações já vividas
experimenta
doses discretas
profundas, latentes
velozes...
A carne tem um fraco
pela dor
pela dor
pela sarjeta
pela orgia
pela noite dardejante...
Un Coup de Dés
( quem negará? )
Un Coup de Dés
( quem negará? )
Qual infante sou levado...
Uma saudade cravada
em mim, nos ossos, na carne...
Saudades do que não vivi
mas adivinhei, vislumbrei...
Saudade dos becos noturnos
tramas dramas
tramas dramas
abismos da cidade...
A cidade é mesmo um vão!
vão voem vejam
a cidade oculta dentro da cidade
a cidade sem fim...
Onde será que isso começa?!
A cidade é mesmo um vão!
vão voem vejam
a cidade oculta dentro da cidade
a cidade sem fim...
Onde será que isso começa?!
Quero as mentiras etílicas
os olhares tóxicos, os desejos
sob a penumbra azul das canções
Quero os bares noturnos da cidade!
Quero o caótico trânsito humano
nas madrugadas da cidade...
Saudade
da solidão das multidões noturnas
da solidão das multidões noturnas
das noites diluídas
em gelo e gim
O esgotamento das gandaias
raiadas nos meus olhos
vermelhos de sono e sonhos...
A cidade pelo avesso:
espelho da nossa cara
espelho da nossa cara
Luzes azuis lazúlis frias...
Quero tudo outra vez:
Som e fúria!
Som e fúria!
Antes que a madrugada-sino
sina
sina
dobre a esquina
(blues sem piedade)
da juventude que me resta
f(r)esta...
f(r)esta...
Torres Matrice
11/04/96
Um comentário:
Este poema me despe e me alça qual flutuasse sobre o cais dos meus sonhos, dos meus martirizados delírios íntimos, que escondo através de sorrisos. Como mendigo de mim mesmo em traje de gala tendo à mão uma taça do melhor champagne! Ah! Paris, Paris dos tempos que não vivi, das madrugadas frias e também das desertas ruas do bairro do Recife Antigo, “porto” imaginário da boemia de BH. Admissão do nosso voluntariado na arte errar mundanamente. Valeu Poeta...foi em cheio!
Postar um comentário