quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mensagens





E o bilhete naquela mão?!
O bilhete, meu Deus!!!

Aquele bilhete comprimido
cumpre o medo imiscuído: amassado...
O medo que tenho daquele bilhete,
mas não o da mão!
o outro
aquele dos olhos...

Que olhos, meu Deus!!!

Que lancinante fúria em silêncio
dispara a mensagem 
e grita?

Por que uma mulher assim?

Pontiagudo signo
entre noturnas lâminas mensageiras
sopesa a ira grafada
grifada
e a cursiva letra do medo.
Tinge o queixo, o lábio - ode suave de ódio -
a mão firme
tênsil!

O olhar
( reentrância medonha! )
trívia treva
trova brilhante:
crudelíssima!
Explode surdo, demoníaco:
Cólera!


O Mal arqueado
(sobrancelha e morcego)
vinco e vínculo
do quarto medonho de Augusto dos Anjos...

Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
Engulo seco o cítrico suco do seu mau: sinal.

- Puta que pariu!!!

 Recebo a mensagem de Amoedo!

A postura do corpo túrgido
entorta minh'alma torta
- Que importa?! 
( Pobre de mim! )
Más notícias sempre fazem estragos
qual obra prima corrompida
 no obscuro silêncio 
de um museu da alma.




Torres Matrice




16/09/99

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