quinta-feira, 17 de março de 2016

GERDA WEGENER - Um conto de amor entre uma pintora e sua musa (o próprio marido) que rompe limites de fronteiras de gênero.






Ache Coragem para ser Você!!









Museu de Arte Moderna de Copenhague (Dinamarca) traz uma justíssima homenagem a GERDA WEGENER




O Museu de Arte Moderna fica apenas a meia hora da Estação Central de Copenhague, Dinamarca.







A retrospectiva de Gerda Wegener que está no Museu em Copenhague finalmente faz justiça a esta filha nativa, rejeitada por seus colegas em função de seu estilo de vida muito a frente de seu tempo. 



Gerda Wegener foi, de fato, uma mulher livre, livre para ser livre dos preconceitos e enquadramentos sociais na diferença sexual para homens e para as mulheres, tomando como modelo preferido, o próprio marido, o pintor Einar Wegener, que aparece em seus quadros tão bem vestido como mulher que sem sabê-lo nunca notaríamos que se trata de um homem.







Fugindo da capital dinamarquesa puritana, Gerda Wegener se mudou com o marido para Paris em 1912, onde se tornou famosa como pintora e ilustradora para revistas de moda como Vogue, La Vie Parisienne, a baioneta, Fantasio, entre outras.






























































                           
  Gerda Wegener  e  Einar Wegener





Gerda Wegener (1885-1940) é uma figura única na arte dinamarquesa. Como artista feminina, retratou em seu trabalho artístico uma beleza excepcionalmente feminina com igual empatia e desejo. 



























































Vê-se em suas obras moças no flirty, divas glamourosas e mulheres sensuais. Temas como esses estão entre os motivos favoritos de Gerda Wegener, além das imagens de seu cônjuge transgênero, Einar Wegener (Lili Elbe), que tal qual ao modelo da arte de sua esposa desenvolveu uma identidade feminina.
























Gerda Wegener foi uma ilustradora de moda dinamarquesa e pintora do erotismo lésbico na década de 1930. Ela era casada com Lili Elbe, um dos primeiros destinatários de cirurgia de redesignação sexual documentados.


































































































GERDA WEGENER


Um conto de amor entre uma pintora e sua musa (o próprio marido), que rompe limites de fronteiras de gênero.



Gerda Wegener possuía uma sexualidade ambígua e a verdade de seu marido era algo muito difícil de lidar em sua época, pois tratava-se de um modo de vida que estava muito a frente de seu tempo.



   
   
                                    Einar Wegener (Lili Elbe) e Gerda Wegener









  

Gerda Wegener e o marido transcenderam para o quadro, para sua arte, a questão de  gênero e de identidade sexual em geral. Hoje o tema em suas obras é algo incrivelmente atual. 


Gerda Wegener, fascinada por pessoas que transitam com sua identidade por meio de fantasias, máscaras e teatro, retratou, inevitavelmente, esse universo para sua arte em representações de Lili (Einar Wegener) posando como uma mulher com make-up, mudanças de perucas, vestidos e sapatos exóticos. 








Lili (Einar Wegener) posando como uma mulher: make-up, mudanças de perucas, vestidos e sapatos exóticos. 






Pintora e Musa


Em 1904 Gerda Wegener, casou-se  com o pintor de paisagens Einar Wegener (1882-1931), que hoje é conhecido como a mulher trans Lili Elbe. Lili era o modelo preferido de Gerda Wegener, e a arte que eles criaram em conjunto trouxe, concomitantemente, um espaço onde Lili podia viver sua identidade feminina. Em 1930 Gerda Wegener, sua cônjuge, apoiou Einar Wegener a assumir seu verdadeiro "Eu". 



Ele, então, seria a primeira pessoa na história da humanidade, pelo menos que se tenha registrado, a passar por uma série de operações de mudança de sexo. Todavia, morreu no ano seguinte, devido a complicações após uma operação final.































Gerda conheceu seu futuro marido, o artista Einar Wegener (mais tarde, Lili Elbe / 1882-1931), na escola de arte.

Casaram-se em 1904, quando ele tinha 18 anos e Gerda Einar tinha 21. 








                             Lili Elbe ( Einar Wegener )






Viajaram pela Itália e França, eventualmente, fixando-se em Paris em 1912. O casal mergulhou no estilo de vida boêmia da época, fizeram amizade com muitos artistas, dançarinos e outras figuras do mundo artístico. O casal costumava frequentar festas privadas e festas públicas.






























A Arte de Lili Elbe

Na época, muitos consideravam Einar Wegener, seu marido, como um artista mais talentoso, mas ele obscureceu seu próprio trabalho e perfil para ajudar a esposa em seus esforços artísticos.









Confira alguns dos quadros de Einar Wegener:























































Um certo dia, substituindo uma modelo ausente, por sugestão de uma atriz amiga do casal, Einar posou para Gerda com roupas de mulher. Ela pediu-lhe para usar meias e saltos, assim suas pernas poderiam substituir as da modelo, e logo ele adotou a persona de "Lili Elbe", depois de descobrir que se sentia surpreendentemente confortável com a roupa.


















Logo ele adotou a persona de "Lili Elbe", depois de descobrir que se sentia surpreendentemente confortável com a roupa.
























Depois que o casal chegou em Paris em 1912, aqueles que ficaram amigos logo conheceram a misteriosa Lili Elbe - alter ego de Einar. 

Embora um pouco tímida no início, ao longo dos 19 anos em que Gerda e Einar foram casados, Lili apareceu mais e mais. Provocante e divertida da mesma forma que as mulheres pintadas por Gerda são. 





Lili foi lentamente usurpando Einar no corpo e na mente. Em meados da década de 1920 ela estava fazendo aparições noturnas em clubes de toda Paris, bem como em fotos de Gerda.








Lili se tornou a modelo favorita de Gerda, e ao longo do tempo, Gerda se tornou famosa por suas pinturas de mulheres bonitas com assombrosos olhos amendoados, vestidas com modas chiques. 



Em 1913, o mundo da arte foi chocado quando souberam que o modelo que inspirou representações de Gerda de femmes fatales petite era na verdade seu marido Einar.










Einar finalmente identificada como uma mulher teve a primeira cirurgia de redesignação sexual publicamente conhecido na história em 1930, depois de anos de vida vivendo apenas como Lili Elbe. 

Quando Lili estava vestida em trajes femininos, Gerda apresentava-a  públicamente como a irmã de Einar Wegener,  Gerda apoiou e acompanhou Elbe todo o tempo ao longo de sua transição. As contas sugerem que elas eram mais irmãs do que cônjuges ou amantes. O casamento dos Wegener acabou sendo declarado nulo e sem efeito em outubro de 1930 por Christian X, o Rei da Dinamarca na época. Lili morreu em 1931 de complicações de cirurgia.








Em 1931, Gerda se casou com um italiano oficial, aviador e diplomata, major Fernando Porta, dez anos mais novo que ela, e mudou-se com ele para Marrocos (especificamente Marrakech e Casablanca). Ela continuou a criar arte durante este período, passou a assinar suas pinturas como "Gerda Wegener Porta". Se divorciou de Porta em 1936, após um casamento doloroso. Volta para a Dinamarca em 1938, apresenta sua última exposição em 1939, mas a esta altura sua arte já estava esquecida.


Gerda não teve filhos, viveu sozinha em relativa obscuridade e começou a beber muito. Manteve alguma renda com a venda de cartões postais pintados à mão até sua morte, em julho de 1940.




























A fascinante vida de Lili Elbe, a primeira transexual a entrar para a história veio à tona graças à publiação de um romance baseado em sua vida.







Apesar de sua relevância, a história de Lili Elbe ( sobrenome que Einar Wegener escolheu por causa do rio Elba (Elb) que passa pela cidade onde nasceu), só era conhecida entre acadêmicos e ativista da comunidade LGBT até chegar às mãos do escritor David Ebershoff há 18 anos. 

Ebershoff, então editor da Random House, romanceou a fabulosa vida do histórico transgênero, sua estreia literária. O Livro chama-se The Danish Girl (A Moça de Copenhague, Rocco). 






O romance The Danish Girl  desenterrou a vida obscurecida de Lili Elba. Mais de 18 anos se passaram depois da publicação desse livro e só agora essa incrível história foi levada ao cinema pelas mãos do diretor Tom Hooper.






Naquele dia a modelo não apareceu. Gerda Wegener, a jovem ilustradora que ganhara espaço com seus estilizados retratos femininos, queria terminar seu esboço e, por sugestão de uma amiga atriz que passava por ali, pediu a seu marido, Einar Mogens, que sempre tinha sido magro e esbelto, para colocar o vestido com saia plissada, sapatos de salto e meias. Bastou que ele posasse por um momento...


É impossível adivinhar se Gerda, que de boba não tinha nada e conhecia e amava Einar como ninguém, sabia onde ambos estavam se metendo quando pediu a seu marido para se vestir de mulher naquela tarde, no apartamento que dividiam em Copenhague.




Mas para nenhum dos dois a vida voltaria a ser a mesma. Einar jamais se sentira tão autêntico como quando colocou aqueles saltos e, gradualmente, começou a se vestir como mulher. Não como uma mulher qualquer, mas como Lili, a persona que inventou e que cada vez foi passando mais tempo com Gerda, que a levava para os cafés e a apresentava como sua irmã. 






Depois de viajar pela Itália e pela França, ambas acabariam se instalando em Paris em 1912, onde Lili vivia e vestia como uma dama, e Gerda tinha relações com outras mulheres.






A fascinante vida de Lili Elbe, a primeira transexual a entrar para a história. Um romance desenterrou sua vida, mais de 18 anos se passaram depois da publicação do livro até ser levada ao cinema.






Depois de muitas voltas pelos escritórios de Hollywood – durante algum tempo, Nicole Kidman esteve associada ao projeto – o livro finalmente chegou ao cinema pelas mãos de Tom Hooper e com Eddie Redmayne e Alicia Vikander nos papéis de Lili e Gerda virou um excelente filme. 




















O autor do livro está orgulhoso: 

“Em setembro, visitei o túmulo de Lili em Dresden e o diretor do cemitério me disse que todo mês umas 10 pessoas vão lhe prestar homenagens. Deixam flores e velas ou passam um tempo com ela. Imagino que o número tenha aumentado nos últimos anos e que, com o filme, se entenderá ainda mais quem foi, o que conseguiu e representou Lili Elbe..."

















"É por isso que precisamos de mais histórias e é por isso que o público ouviu e aceitou as de Caitlyn Jenner, Laverne Cox, Chaz Bono, Renée Richards e muitos outros. Cada vez que uma pessoa transgênero conta sua experiência, nossa compreensão coletiva cresce”.






































        "ENCONTRE CORAGEM PARA SER VOCÊ MESMO."













Transgêneros famosos como Caitlyn Jenner, Laverne Cox, Chaz Bono, Renée Richards e muitos outros têm vindo à mídia contar sua experiência de vida, sua história, fazendo com que suas vozes sejam ampliadas, ouvidas e compreendidas.



     
Chaz Bono, filho da cantora e atriz Cher em três etapas de sua vida.





                                      
                                    Chaz Bono







Bruce Jenner assume sua essência denominada Caitlyn Jenner






Laverne Cox






Renée Richards (19 de Agosto de 1934) foi uma tenista transexual estadunidense, que chegou a ocupar o top 20 na década de 70 após mudar de sexo.










Christine Jorgensen






Christine Jorgensen (30 de maio, 1926 - 03 de maio de 1989) era uma mulher transexual, que se tornou a primeira pessoa a assumir publicamente a sua condição e ter passado por uma cirurgia de redesignação sexual com sucesso. 

Jorgensen cresceu no Bronx, Nova York. Logo que se formou no colegial (Secundário) em 1945, ele se juntou ao Exército dos EUA para a Segunda Guerra Mundial. Após ter servido o exército, a esta altura, já tinha ouvido falar sobre a cirurgia para mudança de sexo. Ele viajou para a Europa e, em Copenhague, Dinamarca, pediu permissão especial para passar por uma série de operações, que começou em 1951.


Voltando aos Estados Unidos no início dos anos 50 sua transformação foi tema de manchetes no New York Daily News. Ele imediatamente se tornou uma celebridade, usando sua fama para defender os transgêneros. Ele também trabalhou como artista, atriz de cabaret e gravou várias canções na época.






Cada vez que uma pessoa transgênero conta sua experiência, sua história, nossa compreensão coletiva sobre o assunto cresce permitindo, assim, uma sociedade mais sábia, justa e mais pluralizada. 







Quando o escritor Ebershoff refere-se à Lili Elbe como “pioneira” o termo adquire conotações heroicas, mas ser o primeiro (neste caso, a primeira) a chegar a qualquer lugar significa fazê-lo na mais absoluta solidão. 





Lili Elbe não tinha sequer uma palavra para se definir. 





                                     
                               Doutor Hirchsfeld



Deve-se muito ao doutor Hirchsfeld, que durante toda a sua vida tentou fazer da pesquisa sobre sexualidade e gênero uma disciplina médica tão respeitável como qualquer outra, ele tinha acabado de cunhar o termo “transexualismus” para se referir àqueles que queriam se transformar no sexo oposto, e não só imitar sua aparência. Ninguém contou para Einar. Os médicos que consultou durante sua juventude na Dinamarca qualificaram-no de histérico ou pervertido.









“Uma das coisas que acho mais significativas sobre Lili Elbe é que ela não teve exemplos ou modelos, nenhum mentor a quem admirar, nenhum recurso, nenhum meio que refletisse sua vida e praticamente nenhuma informação médica. Não só percorreu um caminho inóspito, como teve de ir lançando os alicerces desse caminho. Estava sozinha, a não ser por sua esposa”, diz o escritor David Ebershoff.




Depois de quase duas décadas vivendo como mulher com uma biografia inventada, a história de Lili se tornou pública e causou em seu país um barulho similar ao gerado por Christine Jorgensen nos Estados Unidos nos anos 1950.







                                Christine Jorgensen


Jorgensen, o soldado que combateu na Segunda Guerra Mundial que passou por uma cirurgia de redesignação de gênero, tornou-se uma celebridade menor e objeto de fascinação para os tabloides. “Quando sua história veio a público, Lili não teve outra opção a não ser sair do armário e contá-la”, relata seu biógrafo. “Por um lado, desfrutou da oportunidade de contar sua transição, mas por outro hesitava sobre como o mundo responderia. 









"Parte de Lili amava a atenção, mas outra parte só queria ser uma garota dinamarquesa com uma vida normal”. Transformar-se em figura pública obrigou-a a romper com seu passado e com Gerda. A Dinamarca reconheceu sua nova identidade com um passaporte e anulou o casamento. 
















Lili nutria ilusões fantasiosas, como conceber um filho com seu novo parceiro, mas tinha premonições sombrias. Antes de passar pela operação que a mataria, escreveu a um amigo: “Provei que tenho o direito de viver existindo como Lili durante 14 meses. Podem dizer que 14 meses não são muito, mas para mim é uma vida humana completa e feliz”.







A Garota Dinamarquesa foi apresentado na Casa Branca em um evento dedicado aos direitos dos transexuais. O fato de ser dirigido por Hooper, um diretor de quem se pode dizer que tem um gênero “oscarizável” (são dele O Discurso do Rei e Os Miseráveis) já é significativo por si, como ele mesmo admite em uma entrevista à revista Time: 

“Agora todo mundo acredita que é uma opção óbvia para mim; diz muito da revolução ocorrida na aceitação das histórias trans”. A escolha de Redmayne, no entanto, não esteve livre de polêmica. Destacou-se que Elbe deveria ser interpretada por uma atriz transexual. David Ebershoff, pelo menos, está satisfeito com o ator cisgênero (o contrário de transgênero) e heterossexual que dá vida a sua Lili. 





“Quando visitei o set, vi que Eddy derramava cada gota de seu talento interpretando-a com profundidade, sutileza e uma ampla gama de emoções. Como escritor, eu não gosto da ideia de que algumas de minhas histórias estejam fora de meu alcance”. Mesmo assim, reconhece a necessidade de levar em conta essas vozes dissidentes. 








“Lili é uma parte importante da história dessa comunidade. Orgulham-se dela e sua vida precisa ser contada com empatia e dignidade”. Afirma o escritor.














Um comentário:

Barbarella disse...

Que história fascinante!!! CORAGEM seria a palavra correta para defini-la. Correndo pra assistir o filme. Muito interessante.

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