Espanto espantalho
talho talhe atalho
ante o mundo inerte:
conformação e anestesia
O olho vê mais que enxerga
diluição secreta secreção
sociedade e inércia cerebral
capital digestão
cabeça cara alho:
caralho!
Deletério etéreo mal:
indigestão do olho que não vê
o que se come no cume da fome
canibailismo na festa burguesa
cabeça de gente que pensa que pensa
num mundo diluído iludido
aguada sociedade
capital
O olho do espantalho
atalho e talhe
para tola vaidade toda
tempo em que Narciso
surfa sobre águas sangrentas
egoísmo midiático
genocídio e suicídio social
um anjo exterminador
O olho do espantalho
vê a cegueira Saramago
no âmago da diluição
estômago putrefato
fátuo rato roto
homem-arroto
Tempos adoecidos...
O olho do espanto:
Se podes olhar, vê...
Se podes ver, repara!
O espanto do espantalho:
palha palude palhaço
aflição
O anjo dilui em dor
a festa das máscaras:
escara dos que riem
ante o holoclaustro
A bomba da histeria
plantada no tapete
topete e torpor
na sala de não estar
Irradiante miséria:
Hiroshima mon amour!
Torres Matrice
03/04/2011
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