Dispo-me da solidão
essa roupa não me acenta:
É o nu que me cai bem!
A transparência me decora:
coralino coração!
Vesti, sim
vesti por muito tempo
o corte da ausência:
- esse terno do diabo!
Para o inferno
o agasalho desse frio!
Corpo é movimento
pede a nudez natural
para falar mudo
mudo de roupagem
visto o ar de um novo tempo...
Roupa leve
leve embora
todo trapo todo peso
pra vestir outra costura
com a linha do meu corpo
deste corpo que se alinha
ao elã da elação
lã mais leve de outra moda
De outro modo
há uma força que se tece
há uma força que se tece
com a linha de outra vida
botões de outra calma
na palma da minha mão
Basta de trajar
atadura e solidão
essa múmia demodê!
Ponho a roupa mais sincera
esta pele que me cobre
esta tez e esta cútis
esse ter sido tecido
isso que me lança ao mundo
ao modo da experiência:
-Eis, a grife e o Costureiro!
Toco a seda da nudez
essa senda do desejo...
Que se acenda na lapela
o cravo de todo incrível
figurino da alegria!
Agora posso desfilar
destilar que o rei está nu
a nudez dessa verdade
veste bem meu coração
porque sei fazer carinho
fazer carinho com o olhar
e só sei olhar o mundo
na metragem da poesia.
27 de julho de 2010
Torres Matrice
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