terça-feira, 27 de julho de 2010

A ÚLTIMA MODA






Dispo-me da solidão
essa roupa não me acenta:
É o nu que me cai bem!

A transparência me decora:
coralino coração!
Vesti, sim
vesti por muito tempo
o corte da ausência:
- esse terno do diabo!

Para o inferno 
o agasalho desse frio!

Corpo é movimento
pede a nudez natural
para falar mudo
mudo de roupagem
visto o ar de um novo tempo...

Roupa leve
leve embora 
todo trapo todo peso
pra vestir outra costura
com a linha do meu corpo 
deste corpo que se alinha
ao elã da elação
lã mais leve de outra moda

De outro modo
há uma força que se tece 
com a linha de outra vida
botões de outra calma
na palma da minha mão
Basta de trajar
atadura e solidão
essa múmia demodê!

Ponho a roupa mais sincera
esta pele que me cobre
esta tez  e esta cútis
esse ter sido tecido
isso que me lança ao mundo 
ao modo da experiência:

-Eis, a grife e o Costureiro!

Toco a seda da nudez
essa senda do desejo...
Que se acenda na lapela
o cravo de todo incrível
figurino da alegria!
Agora posso desfilar
destilar que o rei está nu
a nudez dessa verdade
veste bem meu coração
porque sei fazer carinho
fazer carinho com o olhar
e só sei olhar o mundo 
na metragem da poesia.



27 de julho de 2010



Torres Matrice

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