sábado, 30 de agosto de 2008

Sufrágio para Othelo ( ato pio )






Palmilha a ilha da solidão:
milhas e milhas
daí até o naufrágio.
Frágil nau, sufrágio
em honra aos mortos
da ilha da ilusão.
A utopia do ato pio:
oração piedosa.
Reza essa vela escura,
transporte da alma cansada.


Enrodilha o espírito roto
em rodilha de desgaste:
trama amarga.
Afunda o barco do amor
depois de lavar o convés!
Afogamento de egos
em águas distantes...
Cegos medem a vista
em cais noturnos,
enxergam a noite de Othelo
na cegueira do ciúme.


O oráculo deslinda o breu
na vertigem da premonição:
todo amor anoitece.


O amor é cego, ele vê!








29.08.2008

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