Gabriel Wickbold é um jovem fotógrafo brasileiro com um
portfólio invejável. Natural de São Paulo, é um autodidata que nunca estudou
fotografia especificamente, mas confessa sempre ter tido contato com
diferentes expressões artísticas, sendo a sua mãe uma artista plástica, e tendo
já trabalhado com poesia e como produtor musical.
O fotógrafo de 25 anos formou-se em Rádio e TV na
Faculdade de Comunicação e Marketing da FAAP (Fundação Armando Alvares
Penteado), o que desde cedo o colocou em contato com a edição de vídeo,
iluminação para televisão, direção de atores e toda uma mistura de linguagens
que lhe permitem agora compor o seu trabalho.
No que diz respeito à fotografia, tudo o que aprendeu foi
através da leitura, testes por todo o Brasil, contato com outros fotógrafos e
um acumular de referências, culminando no desenvolvimento progressivo do seu
modus operandi em estúdio e fora dele.
Assista abaixo o teaser e conheça um pouco deste artista maravilhoso e suas ideias. Vale a pena conferir! Espero que vocês gostem.
Assista abaixo o teaser e conheça um pouco deste artista maravilhoso e suas ideias. Vale a pena conferir! Espero que vocês gostem.
Gabriel Wickbold realizou em 2012 a sua primeira exposição individual. Nessa exposição chamada NAÏVE, traduzindo do francês seria algo como “ingênuo”, ele enquadra a imagem na cabeça humana. Afinal, é, na cabeça, ou melhor, no cérebro, que se concentram os pensamentos racionais e imaginários, aqueles que viabilizam histórias e provocam viagens surpreendentes. É, na cabeça, local da caixa craniana, que “estalam” e se concentram as ideias, as emoções, que geram atitudes e desencadeiam as tensões da nossa existência e, também, o estado de felicidade.
Em sua busca pela essência do homem, registrou imagens de
rostos de modelos pintados a guache e craquelados, sobrepostos por insetos ou
plantas. Para Gabriel Wickbold, este ser humano ingênuo (tradução
da palavra francesa naïve), fossilizado, atua “adubando algo novo, gerando
vida através de sua carcaça pura”.
O título da série faz alusão ao pretensioso e equivocado sentimento de superioridade do homem em relação à natureza.
Sempre estiveram presentes no trabalho do fotógrafo a figura
humana e a criação de interferências em seus personagens com tinta. Em Naïve,
a novidade fica por conta da interação com outros elementos da natureza,
acessórios que são dispostos aqui com a intenção de questionar a posição do
homem no mundo.
Apesar de forte relação com a temática do impacto ambiental
provocado pela ação humana, as questões fundamentais nas obras de Gabriel
Wickbold são filosóficas, interiores. Nesses trabalhos, o fotógrafo foca-se na
natureza do homem, arrogante devido a sua falta de conhecimento acerca da vida
que o cerca, da vida que está além de sua própria vida.
“Não passamos de animais. Somos fisicamente fracos, lentos, com pouca ou quase nenhuma percepção do que nos cerca, perdemos um tempo gigantesco procurando entender coisas que não irão alterar em nada a nossa vida, somos os únicos responsáveis pela próxima extinção em massa da vida no planeta e ainda nos achamos seres superiores”, critica o artista.
“O homo sapiens é uma espécie que modifica em seu favor o ambiente no qual vive, nem que para isso tenha que impossibilitar a vida para outros seres”, analisa ainda o fotógrafo.
Em Naïve, Gabriel optou por fotografar apenas as cabeças dos
modelos, já que é a parte do corpo onde se centram as ideias e emoções. Essas
cabeças foram cobertas por guache e, após a secagem, a tinta foi lixada para a
criação do efeito de craquelado.
Antes do clique, o inseto ou planta é
posicionado sobre a face.
Todos os elementos que compõem as obras de Gabriel
Wickbold estão presentes no momento da fotografia.
“A arte é reflexo do homem e suas questões. Essa série veio como uma transpiração desse meu momento”, diz.
CARTAZ DE DIVULGAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE GABRIEL WICKBOLD, INTITULADA NAIVE, EM SÃO PAULO NO ANO DE 2012.
Gabriel soube explorar e incorporar a radicalidade das suas
experiências. Sempre buscou trazer, para sua cena fotografada, elementos de
estranhamentos que nem sempre eram identificados de imediato. Essa é a sua
principal singularidade: provocar, no espectador, a dúvida, a inquietação, o estranhamento diante daquilo que
não é imediatamente reconhecido. E, em poucos anos, ao mixar seu conhecimento
de teatro, de música e de imagem técnica, entre outras linguagens, é que
produziu uma fotografia potente que teve imediata aceitação no mercado,
justamente por distanciar-se do senso comum.
Nos retratos apresentados nessa série, NAÏVE, Gabriel tem um
sofisticado processo de criação. Primeiro, ele pinta partes específicas da
cabeça do modelo, para provocar o aparecimento de uma espessura e textura além
da pele. Em seguida, após a secagem, formam-se camadas craqueladas resultantes
dos pequenos movimentos humanos. Logo após essa etapa, é necessário lixar algumas
vezes os excessos e acrescentar elementos encontrados na natureza. O referente
– homem e natureza – torna-se um ser estranho e o processo busca enfatizar a
relação intensa entre vida e arte nessa complexa relação.
O trabalho exala, ainda, muita intimidade e cumplicidade e essa é a conexão criativa de Gabriel Wickbold a qual impulsiona o ensaio. Aliás, muito performático e carregado de interferências e referências que denotam a qualidade da sua fotografia.
Rubens Fernandes Junior, curador e crítico de fotografia
Cor, energia, luz e texturas são as ferramentas deste
jovem fotógrafo brasileiro que faz do corpo humano a sua matéria-prima.
Personalidades vincadas, excêntricas, ou faces marcadas pelo tempo, o produto
da vida, dão origem à imagens provocativas, emocionantes e com alma. Um trabalho
justamente reconhecido e digno de referência!
O artista e fotógrafo Gabriel Wickebold
Empirista, a experimentação e a experiência são a sua
motivação, e não tendo medo de tentar coisas novas, assume ser essa a sua busca
constante. O trabalho de Gabriel é multifacetado, provocativo, evidenciando
cores e detalhes, em imagens emocionantes e cativantes, o que lhe imprime uma
identidade forte. A sua fotografia de eleição é o retrato, a base da sua obra é
o Homem. Das encenadas e complexas fotografias de estúdio à simplicidade das
fotografias de viagem, são as pessoas o denominador comum na criação de imagens
que dizem mais do que mil palavras poderiam dizer.
CLIQUE NO VÍDEO ABAIXO E VEJA A MOVIMENTAÇÃO DURANTE A EXPOSIÇÃO DO ARTISTA EM SÃO PAULO EM 2012.
Naïve - Lançamento from Gabriel Wickbold on Vimeo.
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