sábado, 26 de abril de 2008

Conjunções






Se a festa da prostração
converte-se, agora,
em flébeis horas


E


Se o canto gerado
no sangue e na dor
decanta-se
em sopro esquálido


OU


Se a poética da covardia
resvala-se, já
no réquiem do escapismo
no lodo doloso
na sentina
na surdina


É PORQUE


no gen de tudo habita
a flor cáustica do terror


ENFIM


a despeito de tudo,
da loucura
do insano tempo
e da desdita sem pressa
que faz casa em minha sombra


- Eu não peço desculpas!!!




17/09/2004

CATANADA








...........................
...........................
............................
O mar....................
O mar ia.................
ia, mas................
a onda quebrou:
...mar.ia..............
..............mar.....ia
m.a.r.i.a..............
............................
............................
morrer de sede:


- enfrente o mar, Maria!!!




O mar, maria, murmuraria:
maria..., m.a.r.i.a., mar...ia......
Ah, amar o mar amaro!...
Amargo o mar, mar amargo!


Mas sol morre na praia


e Ela


em contraluz contracorrente contrafeita
de joelhos - ajo.ilhada
cata a sorte umbrosa ao fim da t.arde
cata os grãos do amor perd.ido
CATANADA:


nada, maria, nada!!!
........................................
........................................
........................................
Ao pôr-do-ser Sil.ente
Sil.ente Silvo breve.....
Sil.ente mar.ia............mar..........
......................................
......................................
......................................









18/10/2004

Gema!






De sólida, concentrada, para líquida:
 rigidez pétrea transmuta-se etérea.
Circula, depois de tanto...veias...vasos...
Viaja, fragmentária-fragmentada,
liquidificante-liquidificada
em propriedades místicas
mitigando a razão.
Decepa a vontade e o viço:
-nisso vi-me só!
Noviço do vício do abandono
ofício do Nó, missão de um Só.
É mister sofrer: Obra-prima em mortalha,
obradas tintas do Findar.
Morte-cor, um pálido debuxo!
Luxo do pintor: a Dor em estado sólido.
Concentração em Gema, verdade absurda,
altera-se sanguínea sob a pele
entre carnes e nervos...
Mina em poros e eriça o pelo:
calafrios do átomo ao átimo!
Da célula ao espírito...
Se jaz, em gaz já se faz:
eu respiro, aspiro, transpiro
e não sei esquecer...




Como vitalizar as sombras,
se a vida em longo torpor
é morfinizada por Morfeu?!


Morte...fel...e Eu.


- Gema, Alma que pena! Gema.







20/08/2005




Famigerado Medo




O Medo me miava mais:
mímico mudo ameaçar
da miséria humana.
Meu mote mortal!


O medo felino arranhando,
às raias do remorso,
meu imerso dorso manso.
Essa extrema ignorância
em momento muito agudo:




M E D O




É no silêncio estriado
que a fera fere rente,
desliza suas garras:
semitarras do horror.




Que vale levar a vida a doer
até a escuma do bofe?!




A lâmina me vara...


O Medo me urra,
curra-me a razão,
zurra feito alimária
e eu arrasto correntes,
carente de tanto amor
e desejo agudo.








24/11/2005

A Barra do Dia


Poderia dormir,
ir além da dor
- E iria... dormiria... -
conquanto tivesse o poder,
poderia...rir, riria até!, quem sabe?!

Mas, esse trompete jazístico soluça...
Oh! Tormenta!
Na cabeça, no ouvido?!
Na alma, no coração?!
Onde?

Onde, esse trompete rouco?
Será um lobo que chora?!
Uma Dama de branco canta sua nudez essencial: lindo!
E eu que já não sei
se o pesadelo é a voz,
lindíssima e triste!!,
se o trompete, se o canto,
o uivo, o brancor ou...
Quem sabe?!

A barra do dia arrebenta-se no horizonte
- ( contra/ções solares ) -
mas o sol nasce morto: parto-me!
E aquela Dama é uma sereia
naufragando o Amor!
Tudo brilha e sucumbe
sob seu canto.

Quem diria?




06/09/2005

GEME!








Geme...
..........................
Geme no porão


o fantasma do Engano:


Ophelia morta!


Chora em mim o que sou,


pranteia-me, Orpheu!


A Loucura esconde sua ossada


no pântano da lembrança:


nenúfares ornam a orla lacrimal.


Saudades...


O corpo que boia sobre as águas


não volta nunca mais...




Meu nome é Ilusão.


E o teu?!







06.09.2005

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Das Impossibilidades


Todas as imensidades:
as grandezas da natureza,
o sem fim da Terra,
o mais que perfeito revelado.

A matéria constituinte da vida:
praia, areia, espuma...
uma água de benzer: oceano e mar...
O ar, o céu, o espaço, o esplendor,
o indecifrável da vida indivisível.

Tudo, tudo, tudo...
Absolutamente tudo!

Mas...


Do que adianta a beleza do mundo,
se não tenho olhos de ver, mãos de tocar,
língua de provar, pele de sentir?!

Do que adianta o banquete servido
à regalia
se eu perdi o paladar,
se perdi o gosto da natureza de todas as coisas?


Sou o esfaimado sem boca
no reino das delícias.

Umbigo do meu prazer
na ceia morta
do meu corpo.
É obsceno "pedir, por favor!,
Nada de amor".







23.01.2007

Trago Final


Noite densa, tensa atmosfera...
No entorno, todas as coisas dilatam.
É tempo de pulsar! O ar é tóxico
e respirar é um tormento: não há saída.

A única saída é morrer! A vida é carta marcada.

A mesma humana situação...
No final, o que nos espera é mesmo o inevitável!
Entropia e tédio.
A precariedade pesa, insuportável,
e o tempo se estica seco...

A voz quer ser um instrumento de consolação,
mas tudo é inútil, a corda vocal se desfibrou...
Tudo é inútil quando se sabe que cantar
é a última quimera.
A voz é pouca para um Saara de solidão...
Por entre as dunas, quem há de ouvir?!
Soterrada a esperança: as flores estão mortas no jardim!
A saída é um trago profundo e um suspiro entre a fumaça
do cigarro que nos mata.

Não há luz no fim do túnel, só a brasa do cigarro: tudo mais, ilusão!


- A noite é mesmo densa!!!





15.01.2007

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Os Estados






Os dias agora
vão em vão
assim: eu
Morno tépido
insosso até o osso
dia-a-dia
As impressões
minhas digitais
são sempre iguais
leem o mesmo
marasmo retilíneo
Não há relevo relevância
Levo relevo elevo o velo
do fastio: animal cansado
Qual é a superfície
a reentrância
A geografia uniforme do tédio
dá o grau do clima
temperatura desbotada ocre
As tardes sempre iguais
Sempre a mesma hora
a qualquer hora
Os ponteiros desapontam
marcam parados
o desgosto do instante
Indiferentes manhãs inóspitas
Flácidas horas de pasmaceira
dias secos e sem horizontes
Modorra na hidrografia
do meu pranto
No mapa do meu ser
todos os estados têm o tédio
por capital
Desgosto glacial
Um belo horizonte vertical
minas não há mais
Qual é o meu estado




Torres Matrice

24.04.2006

Cantiga






Meus olhos vim lavar,
do pranto cansados,
nessas águas claras
onde um dia
da alegria o espírito
refletiu sua luz.




Lavai meus olhos,
-Santa Clara,
de névoas cobertos,
que ora me levam,
ora me velam
o sonho, a vida,
as endeixas de amor.




Vim à fonte sombreada,
ao murmúrio das águas,
a saudade beber
na cuia do tempo.
Benzer meu destino,
chorar meu amor...




Quisera soubesse,
num só pranto,
carpir o tanto que fora
da perda a dor.
Nada sei, ai de mim!
E d'amor só sei a coita...




-Amigo, retorna!





22.08.2006

Imensidades





A voz das estrelas fala,
pelo lume dos meus olhos,
da vaga lembrança
do universo que fui.
Voz estelar:
Lanterna das quimeras astrais.

Meu corpo é ruína de pulsares
quasares: quasímodo.
Monstro de rutilância obscura!
Destroços de constelações silenciadas.
Adaga de luz fria
trespassada no espírito...

Minh'alma grita o silêncio
das estrelas mortas.
O universo se abisma em mim!
O silêncio é a medida justa
do que não se aguenta em dor:
ferida e mágoa.

Veja o som que floresce
nos búzios da voz!
Vem do a-Mar
Mar é meu rumor: espaço sideral!

Marinha estrela adivinha
o silêncio espumante
na vaga que afaga
o que em vão se afoga:
eu, anos-luz do meu Eu.

Silêncio da imensidades:

Céu e Mar.

Me esmaga o assombro de infinitos!

E eu que só sei ser feliz quando cessa
o silêncio da minha essência,
vislumbro a matéria típica do cosmo,
matéria que engendra o que sou:
distância, espaço e vazio.





27.08.2006

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Seth


A náusea dos dias
desenrola o pergaminho de enjôos
no vazio faraônico: DESORDEM
Raríssimos papilonídeos obscuros
farfalham suas tresloucadas asas
na boca do estômago:
a Noite regorjita a ânsia de um deus caído...
Sete mil vezes Seth
SETH
Tremem as pirâmides
seus séculos de mistérios e medos.
Medo e sol.idão!
Angústias são areias e se espraiam
em vitrilhos
pelo deserto da gente: sete sem fim.
Os olhos vermelhos sabem essa dor!
Um Egito de amarguras resplan.desce n'alma...
Hieróglifos sopram preces de condenações,
pragas e desgraças...
Mil ares milenares, milhares!!! nos ares das eras.
Arestas e areias:
relicários do amor cavados na rocha do sofrimento...
...memento...
Inscrições indecifráveis...na pele.





20.07.2006

Um Flaneur no Labirinto






Balé cabalístico, balé em braile
balir em Bali, bailemos
balé cabalístico minha lábia
embalado, alado, errante
bailarino balinês, viajante
Louca balalaica
bela Laica perdida
cabala cubana...
tateio o escuro em braile:
dança das mãos
louca balalaica
tateio no escuro do espaço
o passo cabra-cega
balé da cegueira, meu tato
mundo cão imundo
laico belo louco
cabalístico balé me abala!
Embala-me em brulho
Oliveira
bagaço de mim
bruxuleia...leia:
bagaço de mim.
Abrolhos - pálpebras cerradas,
sigo cego, ego ausente de mim
olhos abertos
abro olhos: imbróglios!
Óleo de Oliva azeita-me de dor aqui
Ali, Alá, acolá, além
alhures
embalado correndo buscando...
Belalaica!!!
Movimento e voz...
No embalo da bala perdida, urdida
viagem
o tiro certeiro, seteiro, atiro a voz
Rumo à madrugada:
berrando, errando, balindo, indo
estranho a mim mesmo
flaneur
um cordeiro de Deus
cl.amando a mando da Dor
numa dança desesperada:
bela Laica!
Eu, ovelha negra de mim,
místico andarilho do caos
cl.amo, recl.amo, ch.amo, pergunto:
- Onde andarás?!
- Por que me abandonastes
a Deus dará?!
Sacrifício, ócio, ofício: mister.
De andar a dar aonde,
Aonde andarás?!
Imprevisto destino invisível:
a quem pertence o futuro?
a.deus constante...
Por mais que eu chame, clame, reclame,
menos se me responde:
onde?...onde?...onde?...
a voz do nada escoa ecoa coa...
Daqui a Bali, perdido que estou de mim,
combalido """ abalado """"
Onde estou destoa do que sou...
Onde estou que não respondo???
Por que me abandonei, assim?!!







05.01.2006

Enquanto Você Se Diverte...


Para que essa carta obscura,
Essa mensagem em sua voz?!
O que sinaliza?
Cartas de nanquim...

Black Mail:

- Correi ao maldito telefone, mensagens!!!

Correio negro: cartas de mágoas em sua voz...


Na diversão da sua noite,
minha NOITE a.pro.funda...
Quanto mais você rodopia,
brinca, ri, resvala pista afora,
mais estático fixa-se em mim
o trabalho azeitado das trevas,
( esse caldo grosso de escuridão )
tanto mais emu.desço.
Letras de ébano e silêncio:
seu vocábulo em carvão e tédio.
Afônico ouço sua cegueira: meu medo.
Leio as cartas vocálicas
de sua sombria voz, ao pé do meu ouvido,
postadas ao telefone.
Assina suas cartas com tinta azeviche,
o piche da dor endureceu o amor...
Goma arábica no Sétimo Selo da minha desdita!
As mensagens escorrem de sua escura voz,
oleosas, em petróleo quente
purgando meu ouvido.
A goma cal.afetou o barco maldito das emoções,
cada fissura descoberta pela substância
que sobrou do amor.
Conformar é morrer! Esse asfalto sobre a alma...
Mas você telefona... Cartas na voz...
Mensagens póstumas!
Carteiro das trevas, engole-me de vez a voz!

BLACKMAIL...


02/04/2006

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